Ei Nostradamus, de Douglas Coupland, desenvolve-se a partir do tema do massacre, neste caso numa escola secundária de Vancouver, perpetrado por três alunos de uma turma do 11º ano dessa mesma escola. Trata-se de um romance de grande atualidade pela frequência com que têm ocorrido estes atos homicidas em diversos países.
Douglas Coupland, escritor que cresceu e vive no Canadá, cria quatro narradores, dois dos quais viveram dramaticamente a situação. Cheryl Anway é uma adolescente que almoçava tranquilamente, convivendo com as suas amigas, na cantina da escola, quando, sem poder acreditar, se vê obrigada a esconder-se debaixo de uma mesa da cantina, em amágama com muitos outros companheiros, aturdida pelos tiros, pelos canos de água que rebentavam, pelos objectos que estilhaçavam. Cheryl, antes e depois de ser baleada, descreve a situação tresloucada que observa, refere frases que ouve aos jovens assassinos - «Matar é giro!» - , relembra a sua vida, a sua relação com o namorado, com a mãe, com a religião, questionando Deus com frequência - «Meu Deus, rezo pelas almas dos três homicidas, mas não sei se isso será certo ou errado.»
Jason, o namorado (marido) de Cheryl, que acabou com o massacre matando um dos homicidas, fica para sempre traumatizado com o que presenciou e sofreu. Não consegue voltar a ter uma vida normal e a narração, que faz de todos os acontecimentos que se seguiram ao ataque, mostra-nos o impacto negativo que este tipo de crimes tem na cidade em que acontece, gerando equívocos, injustiças, falsas culpabilidades, depressões, etc., etc.
Neste romance, que se passa no Canadá e nos EUA, Nostradamus anuncia, de certo modo, o fim de um mundo tranquilo a que as crianças e os adolescentes tinham direito, pelo menos enquanto estavam nas escolas. Quando as crianças se matam umas às outras e acham isso «giro», há uma tragédia implícita neste mundo cujo fim não se vislumbra um paraíso.
Dougas Coupland é também o autor de Geração X e de Geração A.
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