Céline sobe, torturada, uma encosta verdejante próxima do convento onde vive e dirige-se, especificada, para um oratório onde se encontra a imagem de Cristo cruxificado e que se situa no cimo dessa encosta. Frente ao oratório, fala com Cristo, em sofrimento, como uma pessoa que vive desesperada.
No convento, Céline não come, mortifica-se, de tal modo que a madre superiora, atenta e sensata, a obriga a abandonar o convento e a procurar Cristo na vida real.
No entanto, na vida real, Céline pertence a uma família da alta burguesia parisiense, é filha de um político que pouca ou nenhuma atenção presta à família e de uma mãe deprimida e silenciosa. Uma família sem afetos e onde domina a solidão.
Num bar de Paris, Céline conhece um grupo de jovens muçulmanos e entra num relacionamento com Yassine. Porém, Céline define uma relação. Relações sexuais não terá com homem algum, a paixão de Céline é por Cristo e para ele se reserva.
Yassine tem um irmão, Nassir, um teólogo limpoo, militante da causa palestiniana. Entre Céline e Nassir estabelecem-se convergências, uma religiosidade liga-os, compreendem-se nas paixões.
Para Nassir, como pessoas de fé são «soldados de Deus que vivem para repor a justiça no mundo». Céline deixa-se convencer e presta-se ao sacrifício.
Hadewijch era o nome de uma religiosa mística de Antuérpia que viveu no século XII e escreveu um «Livro de Visões». Hadewijch é também o nome do convento onde Céline se recolhe para viver a sua fé.
Céline, a Hadewijch do século XXI, volta ao convento onde continua, desesperada, a perseguir a sua obsessão crística.
Este filme coloca-nos interrogações sobre a fé vivida de forma fundamentalista, sobre as razões que a originam - a falta de afeto (Céline), a injustiça (Nassir).
Em Hadewijch , uma religião cristã e a islamita compreendem-se nos seus excessos, nas suas excentricidades - um paralelismo a não esquecer!
Sem comentários:
Enviar um comentário