Em Tetro, de Francis Ford Coppola, o jogo está no lugar do génio numa família. Isto é, numa família em que existe um génio, neste caso um grande compositor e músico, os restantes membros da família que possuam elevados talentos poderão ter a sua carreira ameaçada. O génio já consagrado segue o seu caminho altaneiramente, sem escrúpulos de prejudicar a vida dos seus familiares, ainda que sejam filhos, de lhes roubar as namoradas se for esse o seu desejo prioritário e imediato, e, sobretudo, sempre com grandes desconfianças em relação ao valor artístico ou intelectual desses mesmos familiares.
Assim, o primogénito da família, cuja vocação literária se manifestou desde cedo, vítima de um pai genial egoísta e egocêntrico, rejeita a família, rejeita a escrita e torna-se um bicho intratável, ora autista ora brutal, descoberto num asilo de doentes mentais por uma psicóloga que por ele se apaixona.
Os conflitos deste estranho ser com o meio-irmão Benjamim que se lhe introduz em casa contra a sua vontade, tornam-se a linha central do filme. Benjamim nutre uma extrema admiração por Tetro, aliás Angelo. Traz consigo uma velha carta em que Angelo promete nunca o abandonar. Mas Tetro repudia qualquer contacto com a família, mesmo com este encantador irmão. É a mulher de Tetro que o acolhe, lhe explica as absurdas reacções do irmão e lhe dá os manuscritos guardados há muito numa mala e, voluntariamente, sempre inacabados.
A Benjamim cabe a tarefa de acabar a obra de Tetro, de apresentá-la no Festival da Patagónia (festival que só pelo enquadramento paisagístico vale a pena ser visto) e torná-la uma obra reconhecida e premiada.
A tragédia, no entanto, está escondida. Tetro desvenda a Benjamim a verdadeira paternidade deste. Ele, Tetro, é, de facto, o pai de Benjamim. O velho Tetroccini seduzira-lhe a namorada, já grávida, obviamente. E o ódio pelo velho compositor agora moribundo transforma-se num ódio familiar.
Tetro é um bom filme. E ainda que o fantasma do génio possa saturar um pouco, o tema não está gasto. Tem ainda um importante lugar!
Tentei deixar um comentário ao seu poema na Caixa de Pandora, mas não consegui.
ResponderEliminarO comentário era: Mas que bonito!
Obrigada pelo seu comentário que é para mim muito valioso. Não percebo por que razão não entrou o comentário no Caixa de Pandora.
ResponderEliminarG.M.