(Correio da Manhã)
O Dr. João Jardim disse, há alguns dias atrás, a propósito da reconstrução de uma estrada na Ilha da Madeira que ficara totalmente destruída com a tempestade catastrófica que assolou a ilha no dia 20 deste mês, que já estava farto de brincar à porrada com a Natureza.
Começo a pensar numa possível reconciliação com Jardim. Uma afirmação destas significa reconhecer as culpas e ter vontade de mudar a sua atitude perante a facilidade e o imediatismo da construção, perante os interesses económicos de alguns, o primado do turismo, etc. Significa ter vontade de mandar fazer estudos ambientais, de planificar, de programar uma reconstrução racional.
Não tenho ouvido os representantes do Governo da República falar deste modo após os desastres ambientais que se têm sucedido, com alguma frequência, no continente.
Jardim quer que a ilha da Madeira seja um jardim, que atraia turistas, que não afaste os habituais cruzeiros que fazem escala no Funchal. Parece-me um nobre desejo, que só vem salientar o seu empenhamento no bem-estar económico dos madeirenses. Se a não declaração de calamidade não afectar a reconstrução de todas as casas, nem a indemnização de todos os que foram realmente prejudicados, ricos e pobres, para quê acentuar a tragédia e afugentar turistas?
E se o Dr. João Jardim é capaz de mudar os seus ódios políticos, às vezes bastante primários, quando reconhece atitudes de generosidade, então, teremos que prestar atenção a este cidadão português que é muito menos maluco do que sempre pareceu.
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