segunda-feira, 21 de junho de 2010

José Saramago - a morte sem intermitências


É assim a vida, vai dando com uma mão até que chega o dia em que tira tudo com a outra.



As mortes de cada um são mortes por assim dizer de vida limitada, subalternas, morrem com aquele a quem mataram, mas acima delas haverá outra morte, aquela que se ocupa do conjunto dos seres humanos desde o alvorecer da espécie.



Somos testemunhas fidedignas de que a morte é um esqueleto embrulhado num lençol, mora numa sala fria em companhia de uma velha e ferrugenta gadanha que não responde a perguntas, rodeada de paredes caiadas ao longo das quais se arrumam, entre teias de aranha, umas quantas dúzias de ficheiros com grandes gavetões recheados de verbetes.



A morte apareceu à luz do dia numa rua estreita, com muros de um lado e do outro, já quase fora da cidade.

A morte nunca dorme.

(Citações do livro As Intermitências da Morte , de José Saramago)



Ontem, pelas 12h 30m, saiu a urna de José Saramago dos Paços do Concelho em Lisboa para o cemitério do Alto de S. João. As pessoas, na praça, gritavam - Obrigado, José Saramago! Eu estava entre elas.

3 comentários:

  1. Não podia estar mais de acordo com estas palavras. Viva Saramago! Rosa

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  2. Então? Este blog anda muito parado.. não se esqueça de nós, que gostamos sempre de saber a sua opinião aqui na blogosfera.

    Força!

    Vítor

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  3. É verdade que o blogue anda parado. Talvez tenha sido só uma fase de desmotivação.
    Obrigada pelo incentivo.

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