Nunca se viu uma campanha presidencial tão esquisita como esta - as pessoas não estão, de facto, disponíveis emocionalmente para se envolverem na defesa e propaganda dos candidatos que apoiam.
As ameaças económicas oprimem e desviam a atenção: o leilão da dívida pública, a entrada ou não do FMI, o recurso ao Fundo Europeu, os cortes nos salários, a subida dos impostos, ..., vive-se uma situação inquietante, stressante, que afasta os eleitores e os próprios candidatos presidenciais de uma defesa lúcida e tranquila das suas ideias e programas eleitorais. As intervenções dos candidatos são, fundamentalmente, comentários às vitórias ou derrotas face aos carrascos internacionais.
A estranha sobrevalorização das acções do candidato-presidente Cavaco Silva no BPN (charco onde muito se afundou este país), as tentativas ridículas de meter Manuel Alegre na mesma onda de corrupção, as cassetes de Francisco Lopes, a figura filantrópica de Fernando Nobre, o folclore de Manuel Coelho e o regionalismo de Defensor Moura (inteligente, é verdade) não constroem um panorama eleitoral credível e convidativo.
E, sobretudo, os Portugueses andam tensos demais, entre dias «decisivos» ou «não decisivos», e, apesar da inverosimilhança da proposta de Manuel Alegre de suspender a campanha, esta é uma campanha pouco verosímil.
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