segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Bandeira azul na Ilha da Fuseta? E o lixo que todos os dias por lá se encontra?



   O civismo das pessoas é muito reduzido, o mar todos os dias traz ainda objectos e destroços das casas que levou e a limpeza da praia (dentro e fora das concessões) ou não se faz ou faz-se muito pouco. As pessoas querem é gozar a praia (ou lucrar com ela) e o lixo que se lixe!











    Esta última fotografia mostra o que recolhi durante um breve passeio.

   Afinal, está alguém interessado em salvar o planeta? Ou isso são só teorias?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Livros de férias



  Poderá ser mais olhos que barriga, sobretudo para quem não lê depressa (divago muito enquanto leio) nem põe a leitura em primeiro lugar.
  Estes foram livros que fui adquirindo nos últimos meses e que só agora poderei ter mais tempo para ler. O livro de Mário de Carvalho, A arte de morrer longe, e o de Roberto Bolaño, Estrela Distante, estão a meio. Um bom homem é difícil de encontrar, de Flannery O'Connor, já está lido e Tudo o que sobe deve convergir, também de Flannery O´Connor, está a meio.
  Da Flannery O´Connor já posso falar. Não é por acaso que foi considerada a melhor escritora americana do século XX (New York Review of Books). É uma magnífica contadora de histórias. O leitor vai-se aproximando das personagens e das histórias irremediavelmente e, depois, encontrará sempre um final inesperado. Muitas vezes terrível como no sensacional conto «Um bom homem é difícil de encontrar». Gonçalo M. Tavares diz :«Apesar de ser muito duro e violento, é de uma violência que promove a lucidez.» E espanta e diverte também!
O tema dominante dos contos de Flannery O´Connor é a relação entre brancos e negros nos estados sulistas dos EUA. Mas não só. A América e os seus preconceitos e o ridículo da vida familiar da pequena e média burguesia surgem, nestes contos, sob um olhar incrível.
  
Talvez vá acrescentando este post à medida que as leituras se concretizem,
   
   

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

E agora, a Fuseta!


  Falar dos prazeres da Fuseta depois de ter estado no Capri a deliciar-me com gamba da costa, seguida de um gelado de maçã verde e baunilha servido pela D. Leonor na geladaria (!!) do Largo  e, ainda, depois das horas passadas a ver o pôr-do-sol no bar da Praia dos Tesos, ficará sempre aquém da realidade.





  Estou há mais de uma semana na Fuseta. Em Julho, foram banhos, apanha da conquilha, almoçaradas e jantaradas. Fica na história deste Verão o almoço em casa da Gabriela e do Fernando - o Fernando foi num pé ao Corvo (restaurante de peixe) buscar sardinhas e douradas, enquanto os convidados se sentavam à mesa, e voltou no outro pé com o peixe assado na grelha quente e pronto a ser devorado. Só na Fuseta!
  Esta semana, as coisas estão mais calmas. Há tempo para olhar a ria nos fins de tarde, seguir o movimento dos últimos barcos, ver as variações das cores da água (os azuis, os rosas), observar o trabalho das máquinas que estão a abrir a barra e as outras que acumulam areia extraída da ria para, a partir de Setembro, ser espalhada pelas zonas mais frágeis da ilha. Junto da ria o clima é fresco e agradável.



 

 O Largo da Fuseta, nesta quinzena, é insuportável - tem gente a mais, barulho a mais, calor a mais. Há horas em que, no Largo, quase se faz sauna. O clima no interior da vila sofreu alterações com a construção, após o 25 de Abril, de prédios de dimensões descomunais e de muitos andares na avenida maginal. A circulação do ar faz-se, na vila, com mais dificuldade que anteriormente. E, infelizmente, outros blocos monstruosos de apartamentos se estão construindo sobre a ria, ocultando a vista da vila a quem viaja de barco e a vista da ria a quem sempre morou naquela zona da Fuseta. E prejudicando seguramente o ecossistema da vila e da ria!   






   A ilha sem casas é espaço aberto e mais selvagem. A ilha voltou às suas origens. No entanto, muito ainda está por fazer - a limpeza da areia, por exemplo, foi um serviço que ficou inacabado. Todos os dias se encontra na areia cimento das casas destruídas, mosaicos, azulejos (partidos ou inteiros), vidros, bocados de tijolo ou mesmo tijolos inteiros, objectos os mais variados (luvas, sapatos, palmilhas, velas, bocados de estanho e até talheres ferrugentos já começaram a aparecer). Seria importante que todas as pessoas que vão à ilha recolhessem tudo o que pudessem e colocassem no lixo.




   As máquinas na praia, colocadas como tanques de guerra, lembram que a paz na ilha ainda está por completar e que este tempo é apenas um intervalo.  


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Quem ainda não conhece OSGEMEOS, pintores de arte graffiti?


  A exposição «Pra quem mora lá, o céu é lá», de OSGEMEOS, vai estar no CCB até 19 de Setembro. Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos pelo nome OSGEMEOS, são artistas plásticos brasileiros que se têm dedicado à arte graffiti e as suas pinturas podem ver-se em muitas cidades do mundo. Em Lisboa, estão na Avenida Fontes Pereira de Melo, num prédio devoluto. Procurem que encontram!
  As fotografias deste post foram tiradas à exposição do CCB.  


Esta exposição encontra-se apenas em duas salas, recheadas de pinturas e de objectos(guitarras, radios antigos, casas,...), constituindo uma instalação que nos traz cenas da vida de bairros pobres do Brasil, cenas de amor, cenas da vida em família, cenas de divertimento, cenas de miséria,  instantes de quem mora lá. 


   Por vezes num estilo mais onírico, outras vezes mais naif (reparem nos pezinhos das crianças, metidos para dentro, e a forma como escondem as caras), OSGEMEOS conseguem mostrar-nos a timidez destas pessoas, a falta de saúde (o amarelo baço dos seus rostos), a falta de dinheiro (a magreza e os remendos nas roupas), mas também a humanidade que se mantém nos gestos de carinho e de afecto.


  As casas que se encontram no tecto, com os sapatos à porta, as galinhas, o bacio, mostram as intimidades do quotidiano e abrem as portas ao imaginário de quem as observa.
  Qual a dimensão da felicidade da gente que mora nestas casas?
  Mas o amor triunfa na imagem de cima!





  A exposição  vê-se em pouco tempo e fica-se com uma sensação da festa que a vida é, mesmo quando desfavorecida.


A «Rota dos Mouchões» acompanhada do bom vinho de Aveiras de Cima


  Partimos do Cais do Palácio da Rainha, próximo da Azambuja, no barco varino Vala Real, e durante três horas (entre as 10h e as 13h), navegámos Tejo acima, numa verdadeira paisagem de lazer, uma paisagem real, por entre os mouchões, uns recheados de garças brancas, outros de cavalos selvagens, outros de aldeias palafitas e silenciosos pescadores.
  Os Mouchões são ilhas que se encontram no meio do rio Tejo.Estas ilhas nascem com a acumulação  de sedimentos (areia, terra, poeira, lodos...)que são arrastados pelo vento e que vão aumentando com o tempo. O vento arrasta também sementes de várias ervas e arbustos que começam a desenvolver-se no Mouchão.Aqui podemos encontrar várias espécies de árvores como o salgueiro, o choupo, o eucalipto, ou o freixo. Nas margens do rio, aárvore mais utilizada é o salgueiro, porque  ajuda a prevenir a erosão das margens. («Rota dos Mouchões», Câmara Municipal da Azambuja, Pelouro do Turismo) 


   Estes homens, sábios do rio, guiaram-nos durante o trajecto, um manejando o leme e o outro explicando a paisagem e contando histórias do rio e das suas margens 



  Desembarcámos no cais de Valada do Ribatejo e daí partimos para Aveiras de Cima - Vila Musu do Vinho - em busca do prometido almoço típico numa adega.


   Almoçámos o tradicional «Bacalhau com torricado» ( o bacalhau coloca-se por cima deste pão torricado e come-se à  mão) acompanhado do vinho da adega da Caridosa. 



   Da parte da tarde, visitámos e provámos o vinho de três outras adegas, terminando com uma prova de vinhos conduzida por um experiente enólogo.

    Foi um passeio de fim de ano lectivo, para libertar stresses e iniciar o período de férias.