quinta-feira, 5 de agosto de 2010

E agora, a Fuseta!


  Falar dos prazeres da Fuseta depois de ter estado no Capri a deliciar-me com gamba da costa, seguida de um gelado de maçã verde e baunilha servido pela D. Leonor na geladaria (!!) do Largo  e, ainda, depois das horas passadas a ver o pôr-do-sol no bar da Praia dos Tesos, ficará sempre aquém da realidade.





  Estou há mais de uma semana na Fuseta. Em Julho, foram banhos, apanha da conquilha, almoçaradas e jantaradas. Fica na história deste Verão o almoço em casa da Gabriela e do Fernando - o Fernando foi num pé ao Corvo (restaurante de peixe) buscar sardinhas e douradas, enquanto os convidados se sentavam à mesa, e voltou no outro pé com o peixe assado na grelha quente e pronto a ser devorado. Só na Fuseta!
  Esta semana, as coisas estão mais calmas. Há tempo para olhar a ria nos fins de tarde, seguir o movimento dos últimos barcos, ver as variações das cores da água (os azuis, os rosas), observar o trabalho das máquinas que estão a abrir a barra e as outras que acumulam areia extraída da ria para, a partir de Setembro, ser espalhada pelas zonas mais frágeis da ilha. Junto da ria o clima é fresco e agradável.



 

 O Largo da Fuseta, nesta quinzena, é insuportável - tem gente a mais, barulho a mais, calor a mais. Há horas em que, no Largo, quase se faz sauna. O clima no interior da vila sofreu alterações com a construção, após o 25 de Abril, de prédios de dimensões descomunais e de muitos andares na avenida maginal. A circulação do ar faz-se, na vila, com mais dificuldade que anteriormente. E, infelizmente, outros blocos monstruosos de apartamentos se estão construindo sobre a ria, ocultando a vista da vila a quem viaja de barco e a vista da ria a quem sempre morou naquela zona da Fuseta. E prejudicando seguramente o ecossistema da vila e da ria!   






   A ilha sem casas é espaço aberto e mais selvagem. A ilha voltou às suas origens. No entanto, muito ainda está por fazer - a limpeza da areia, por exemplo, foi um serviço que ficou inacabado. Todos os dias se encontra na areia cimento das casas destruídas, mosaicos, azulejos (partidos ou inteiros), vidros, bocados de tijolo ou mesmo tijolos inteiros, objectos os mais variados (luvas, sapatos, palmilhas, velas, bocados de estanho e até talheres ferrugentos já começaram a aparecer). Seria importante que todas as pessoas que vão à ilha recolhessem tudo o que pudessem e colocassem no lixo.




   As máquinas na praia, colocadas como tanques de guerra, lembram que a paz na ilha ainda está por completar e que este tempo é apenas um intervalo.  


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