quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

«Contratempo» - um filme com TEMPO

O filme «Contratempo» venceu o concurso de Curtas-Metragens Canon, no Estoril Film Festival de 2009. Foi realizado por alunos de licenciatura de Video e Cinema Documental da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes.


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Agenda - DIAS MUNDIAIS E INTERNACIONAIS em 2010



1 de Janeiro - dia mundial da paz
20 de Fevereiro - dia internacional da língua materna
15 de Março - dia mundial dos direitos humanos
21 de Março - dia mundial da floresta e da árvore; dia mundial da poesia; dia internacional para a eliminação da discriminação racial
27 de Março - dia mundial do teatro
25 de Abril - dia da liberdade
29 de Abril - dia europeu da solidariedade e cooperação; dia internacional da dança
1 de Maio - dia mundial do trabalhador
8 de Maio - dia mundial do comércio justo
9 de Maio - dia da Europa
15 de Maio - dia internacional das famílias
21 de Maio - dia mundial da diversidade cultural para o diálogo e o desenvolvimento
22 de Maio - dia internacional da biodiversidade
29 de Maio - dia mundial da energia
5 de Junho - dia do ambiente
20 de Junho - dia mundial dos refugiados
9 de Agosto - dia internacional dos povos indígenas
1 de Setembro - dia mundial da música; dia nacional da água

26 de Setembro - Dia Europeu das Línguas 
16 de Outubro - dia mundial da alimentação
17 de Outubro - dia internacional da erradicação da pobreza
31 de Outubro - dia mundial da poupança
10 de Novembro - dia mundial da ciência para a paz e o desenvolvimento
16 de Novembro - dia internacional da tolerância
20 de Novembro - dia internacional dos direitos da criança
25 de Novembro - dia internacional para a eliminação da violência entre as mulheres
2 de Dezembro - dia internacional da abolição da escravatura
3 de Dezembro - dia internacional das pessoas com deficiência
5 de Dezembro - dia internacional do voluntariado
10 de Dezembro - dia da declaração universal dos direitos humanos

ACABOU!! ALGUÉM JÁ FEZ ISTO NUM BLOGUE??

As pinturas são da pintora norte-americana (Novo México) Georgia O'Keefee que fiquei a conhecer através do blogue - Cores e Cheiros - cujas obras se encontram no  Museu O' Keeffe .

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Adorei este «eco» do natal!

       Na revista Actual do jornal Expresso de 24 de Dezembro, vinha este «eco do natal» de Luís Fernando Veríssimo. Muito engraçado!
    Vou transcrever

- E então, gostou?
 - Gostei, Bel. Obrigada.
 - É bonita a jarra, não é?
 - Muito bonita.
 - Você não acha um pouco ornamentada de mais? Meio kitsch?
 - Meio o quê?
 - Meio kitch. Assim, de mau gosto.
 - Não. De forma alguma. Aliás, gostei dessa jarra desde a primeira vez que a vi.
 - Você já tinha visto?
 - Não só vi como comprei.
 - Ah, Rosa. Não me diz que você já tem uma igual!
 - Não. Comprei para dar de presente a uma amiga. No Natal passado.
 - Ah, é?
 - É, Bel. Dei pra você.
 - Rosa... Eu... Ahn... Mmm... Quer dizer...
 - Tudo bem, Bel. Se você não gostou da jarra, se achou muito Kitsch, poderia ter falado. Afinal, nós éramos amigas.
 - Éramos, Rosa? Ainda somos!
 - Eu escolho o tempo do verbo, Bel.
   

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Casas destruídas na Ilha da Fuzeta

 
  As fotografias foram tiradas há dois anos atrás. O video que está a seguir mostra as imagens de agora.
  Esperemos que, desta vez, haja uma séria preocupação de retirar os destroços da praia para que não aconteça o mesmo que da outra vez. Ficaram na praia, até ao início da época balnear,objectos de toda a espécie, alguns muito perigosos.
  Estas ilhas são móveis e estão a modificar-se, como é natural. As casas é que não deveriam estar lá.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ainda a Cimeira de Copenhaga - Controvérsias científicas



«A OPINIÃO PÚBLICA TEM MOTIVOS PARA DESCONFIAR DA INFORMAÇÃO SOBRE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: O ASSUNTO É COMPLEXO, E A CONTAMINAÇÃO POLÍTICA AUMENTOU A CONFUSÃO. O INVERNO FRIO PARECE DESMENTIR A IDEIA DE AQUECIMENTO GLOBAL.»
Controvérsias científicas e as razões para a urgência - Especiais - DN

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Herta Muller - «A Terra das Ameixas Verdes», um romance matriosca


  Herta Muller recebeu o prémio nobel da literatura no passado dia 10 de Dezembro em Estocolmo. O prémio fora anunciado em 8 de Outubro. Os seus dois romances que tinham sido traduzidos em Portugal encontravam-se esgotados nessa altura e só um mês mais tarde foi reeditado pela Difel o romance A Terra das Ameixas Verdes. Foi então que o comprei. Só agora acabei de o ler. Sou lenta.
  Gosto da escrita da Herta Muller. É uma prosa, com alguma frequência, com características poéticas, frases curtas organizadas em pequenas sequências, e um processo narrativo que se desenrola como se abre uma boneca matriosca russa. Em cada sequência, surgem novos pormenores da história - do passado, do presente ou do futuro - e é assim, abrindo-se o invólucro de cada acontecimento e descobrindo lá dentro outro, que se vai desenrolando a história. Muito engraçado!
  A história passa-se na Roménia de Ceausescu, a dita comunista, recheada de processos de perseguição, de assassinatos (o Ditador fazia cemitérios, o Capitão Pjele fazia cemitérios, os cemitérios são a metáfora preferida para a eliminação humana em larga escala), de fugas do país e de mortes em fuga, da violação de correspondência, dos cabelos colocados nas cartas para detectar a violação, dos livros escondidos, das casas escondidas, dos amigos encontrados às escondidas, enfim, quem viveu num regime fascista conhece ou ouviu falar de tudo isto. A clandestinidade permanente, a mentira permanente, o «atormenta-galinhas» permanente.
 E as ameixas verdes que todas as personagens colhiam das árvores e comiam, as ameixas verdes que embriagavam e corroiam os corpos, faziam parte da autodestruição, talvez desejada, talvez  inevitável, pelo menos sempre presente nos olhos da narradora.
  Tenciono ler mais romances de Herta Muller.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Magnífico! - a Fanny Ardant e o seu filme «Cinzas e Sangue»



    A actriz Fanny Ardant esteve, hoje, no cinema King, em Lisboa, após a anteestreia do primeiro filme que realizou - Cinzas e Sangue . Não era a actriz, realmente, era a realizadora. Era uma mulher que tinha arriscado fazer um trabalho - realizar um filme sobre uma história que imaginara muitos anos antes e que, durante uma estadia na Transilvânia, pensara ser ali o local ideal para a situar -, embora tivesse consciência que todas as histórias já foram contadas e todos os filmes realizados. Ainda assim, arriscara fazê-lo e cada espectador que o visse, seria para ele que o filme fora realizado. Paulo Branco foi o produtor escolhido por Fanny Ardant.
 E, se Fanny Ardant foi uma presença de uma encantadora simplicidade e proximidade, o filme é um muito interessante filme sobre a força cega e violenta das tradições (mais ferozes numas regiões do que noutras - neste caso era a Roménia, mas poderia ser a Sicília ou a Macedónia, por exemplo). Ali, quando se cumprimentam, os homens beijam os homens e as mulheres beijam as mulheres. Ali, matar pela honra não faz de um homem um assassino. O jogo de Xadrez é a metáfora do perigo e do poder de cada acto, de cada gesto, de cada opção. O amor confronta-se com as leis, com a dureza das regras sociais e familiares. E a morte e o sofrimento  são consequência do ódio dos homens-lobos que compõem a irracionalidade deste planeta.
  Adorei estar lá, naquela sala do cinema King!!
 

Inverno em todo o país






(As fotografias foram retiradas de Publico.pt.)

Protecção Civil lança alerta amarelo para amanhã em todo o Continente - Local - PUBLICO.PT

Os termos do "Acordo de Copenhaga"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Há quem fale de «mitos climáticos»

  No programa Expresso da Meia-noite, da última sexta-feira, na Sic Notícias, discutiu-se a Cimeira de Copenhaga. (Eu só vi o programa ontem na sic online, porque, na sexta-feira à noite, estava na Aula Magna a assistir ao concerto comemorativo dos 25 anos da AMI.)
  No Expresso da Meia-noite, esteve o engenheiro Rui Moura, que é um conhecido céptico em relação às alterações climáticas e que mantém, desde há cerca de 5 anos, o blogue MITOS CLIMÁTICOS .
  Rui Moura considera que «o aquecimento global não existe nem é provocado pelo homem, o homem está rigorosamente inocente». Para ele, «a solução da Cimeira de Copenhaga era não haver solução porque, como não há problema, não há solução».
  A última glaciação acabou há cerca de 10.000 anos e, desde então, a temperatura do planeta começou a subir, como é natural. 600 ou 800 anos após o final da glaciação, os gelos começam a libertar dióxido de carbono (CO2). Portanto, o aumento da temperatura é que provoca o aumento da concentração de CO2 e de outros gases que originam o efeito de estufa. O clima não tem nada a ver com a poluição. Além disso, o CO2 não é um poluente.
 A poluição é outro problema e é porque prejudica a saúde que deve ser resolvido.
 As calotas polares - Árctico e Antárctico - estão a aumentar, não há problema nenhum com elas.
   O Greepeace é um conjunto de ignorantes que só querem alcançar espaço público aterrorizando as pessoas  CAVALGADA APOCALÍPTICA - mostra bem isso.
  O filme que iniciou a Cimeira, e que coloquei neste blogue num post anterior, é,segundo este ponto de vista, disparatado e estupidamente assustador.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Não era divertida «A Nova Vida do Senhor O'Horten»



 O senhor Odd  Horten, um maquinista norueguês de 67 anos, reforma-se.(A reforma é aos 67 anos na Noruega.) Os colegas de trabalho fazem-lhe uma festa de homenagem, oferecem-lhe uma miniatura de locomotiva, mas a alegria de Odd não é nenhuma. (Lembram-se do filme «35 shots de rum»? - podem ler o post deste filme se pesquisarem neste blogue.)
  O senhor Odd está receoso e distante, como se não soubesse bem o que se iria passar a seguir. E, de facto, todo o filme passa a ser o carpe diem. Penso que foi essa a ideia do realizador Bent Hamer - colocar um homem, com todas as horas do dia à sua disposição, num país em que a comunicação é difícil, cada personagem parece uma estátua de gelo, a neve cai constantemente, o vestuário é pesado, as ruas são perigosas pistas congeladas, os cafés são sorumbáticos e misteriosos, enfim, o isolamento e a solidão decoram a paisagem.
  Horten passa, com um aspecto impassível e resignado, pelas cenas que se sucedem , isto é, pelas situações esquemáticas e estranhas que chegam até ele: uma criança que os pais deixaram sozinha em casa e que exige que Horten lhe faça companhia até adormecer (precisamente enquanto, no andar de cima, decorre a sua festa de homenagem); uma amiga solitária que lhe dá de jantar a horas tardias e que nem se senta à mesa com ele; uma comerciante de tabaco e de cachimbos (Horten fuma incessantemente cachimbo, mais parecendo um velho marinheiro) que lhe dá, casualmente, a notícia da morte do marido, um companheiro de piscina de Horten, e, em cuja  loja, entra múltiplas vezes um velho esclerosado que perde os fósforos assim que chega à rua; um idoso que está caído numa rua em Oslo (a cena mais interessante do filme) que o convida para dormir em sua casa e lhe revela as suas idiossincrasias, como gostar de conduzir automóveis com os olhos vendados. 
  A novidade da vida de O'Horten é que tem tempo para se deixar estar, para observar, não se rala com coisa nenhuma, nem com as burocracias, nem com as extravagâncias, nem com as injustiças, nem... O mundo é assim...
 O New York Post diz que este filme é «uma pequena obra prima de humor». Eu direi que se trata de um humor fleumático, à inglesa. O expectador vai esboçando sorrisos, sorrisos semelhantes ao sorriso do senhor Horten na imagem da fotografia, em que segura na molengona cadela do amigo inventor que morreu enquanto conduzia o seu automóvel de olhos vendados.
  Fiquei assustada com a noruega. Cá no sul, a vida é mais simpática!   

sábado, 12 de dezembro de 2009

Finalmente fui à livraria Trama



  Estava para ir à rua São Filipe Nery e entrar na livraria Trama há bastante tempo. Tinha visto o blogue (o endereço está nos Favoritos do meu outro blogue a abrir o moleskine ), aliás, vejo o blogue de vez em quando - tem indicações interessantes sobre livros, fotografias giras e alguns textos com piada, os da Catarina.
  É um espaço simpático. Perguntei pelos livros de poesia de Gonçalo M. Tavares, de quem tinha lido um poema no blogue e que não encontrara nas Fnacs. Dos dois livros de poesia do autor, havia um - Investigações. Novalis -, prémio de revelação  poesia APE 1999. Disse que o levaria e deixei-o em cima do balcão.
  Subi as escadas e fui saborear o espaço, um óptimo café e os livros que por lá havia.
  Quando desci, a Catarina do blogue estava a falar de quê? Do blogue. Gostava de escrever poesia, mas acha que não consegue. Saiu-me: Olha a famosa Catarina do blogue! Rimo-nos todos.
   Estive ainda a ver os dvds - alguns filmes da Agnès Varda - e os cds. Paguei o livro do Gonçalo Tavares e dei o meu email. Para os concertos e outros eventos, das quintas e sábados.

     (Já passei algum tempo com a poesia do Gonçalo Tavares. Deixo um poema:
          geografia pesada:pedra.
          geografia leve: ar
          geografia de peso intermédio: Corpo.
          geografia exaustiva: deus.
          (Deus não dá ESPAÇO ao Espaço).
          Deus recusa o INTERVALO.
          Deus não tem Intervalos.   )

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A «jihad» de Barack Obama



  Barack Obama recebeu hoje, em Oslo, o prémio nobel da paz. No entanto, no seu discurso de agradecimento usou 44 vezes a palavra guerra, o que prova que a guerra é, para ele, hoje, uma culpabilidade e uma obsessão.
  Se tivermos em conta que, nas suas inúmeras justificações para as duas guerras que os E.U.A. travam e para os 30.000 soldados que acaba de enviar para o Afeganistão, usou frases como: «O mal existe mesmo no mundo.», «A força por vezes é necessária», «A guerra tem um papel a desempenhar na paz.», lembramo-nos da jihad islâmica, da guerra sagrada, a guerra necessária para construir um mundo perfeito, de onde o «mal» seja definitivamente banido.
   O grande problema na «História do progresso Humano» é que o «mal» depende da subjectividade dos homens, ou melhor, das suas ideologias, das suas religiões, para não falar dos interesses económicos  que quase sempre se misturam com estas.
  O discurso de hoje de Barack Obama parece-me muito comprometedor e perigoso, porque justifica demasiado a guerra e, portanto, o caminho está aberto para continuá-la.
   Não há negociações possíveis com a Al Qaeda? O terrorismo chegou a um climax. A paz é uma arma impossível. Por isso, o júri que atribuiu o prémio nobel a Obama  ou foi ingénuo ou pretende colocar a paz na ponta das espadas como, na Idade Média, a Igreja fez com as Cruzadas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ainda notícias da Ria




   A vida continua tranquila na Ria Formosa e na vila. Mas tivemos uma má notícia. Morreu o senhor Teodomiro.
  O senhor Teodomiro era pai do senhor João do Capri. O Capri é o nosso restaurante preferido, quase familiar, na vila. O senhor Teodomiro era uma figura muito simpática, muito presente. Durante as refeições, ia várias vezes à mesa perguntar se estava tudo bem. Perguntava-nos pela família. Queria ser sempre o mais prestimoso empregado do restaurante.
   A primeira vez que lhe perguntei o nome, respondeu-me:«Tio». Eu fiquei a olhar para ele, a pensar que, possivelmente, ele queria ser o nosso tio. Só mais tarde é que soube o verdadeiro nome dele e percebi o diminutivo.
  Morreu em poucos dias com um AVC. Pelo menos, agora, enquanto está presente nos nossos olhos, falta alguém nesta vila.
  

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um concerto pelo pianista Luís Conceição


  Ao fim da tarde de ontem, quando passeávamos pela cidade de Tavira (que aconselho a toda a gente de bom gosto), entrámos na igreja da Misericórdia e, para surpresa nossa, o pianista Luís Conceição ia iniciar um concerto de piano. A igreja estava cheia de gente que sabia o que estava ali a fazer.
  Luís Conceição, para além de ter um assinalável currículo como pianista, é também compositor (compôs até à data mais de 200 obras). 
  Foi um magnífico concerto - valsas, polonaises (Chopin), etc.! 
  É bem giro este pianista!
  Vamos descobri-lo no deus google??

sábado, 5 de dezembro de 2009

E assim vai a Ria...



   Não, não se trata dos efeitos das alterações climátimáticas. É apenas uma manhã de maré baixa na ria Formosa. Uma manhã de sábado, com sol como é próprio dos sábados.A paisagem da ria, frente ao pequeno mercado de rua com legumes e frutas, frescos e saborosos, bem diferentes dos que compramos em Lisboa nos supermercados, reconcilia-nos com a paz, com a tranquilidade, que o uso e abuso dos media no universo citadino nos faz esquecer.


    E esta é a pequena vila que vive da ria, com a antiga mesquita ao fundo e as brancas açoteias que nos lembram o norte de África. Este é o Algarve que ainda não é, felizmente, o Allgarve, é aquele de que nós dizemos baixinho  que «é preciso manter desconhecido, é preciso não dizer onde é nem como é». Nós, os que o destino premiou com a sorte de o conhecermos e de podermos disfrutar dele. Claro que «nós» somos os que não gostamos do Algarve do barlavento, aquele que os estrangeiros estragaram e de que os portugueses «ditos civilizados» gostam.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

«Tetro»,de Coppola, e a saturação do génio



  Em Tetro, de Francis Ford Coppola, o jogo está no lugar do génio numa família. Isto é, numa família em que existe um génio, neste caso um grande compositor e músico, os restantes membros da família que possuam elevados talentos poderão ter a sua carreira ameaçada. O génio já consagrado segue o seu caminho altaneiramente, sem escrúpulos de prejudicar a vida dos seus familiares, ainda que sejam filhos, de lhes roubar as namoradas se for esse o seu desejo prioritário e imediato, e, sobretudo, sempre com grandes desconfianças em relação ao valor artístico ou intelectual desses mesmos familiares.
  Assim, o primogénito da família, cuja vocação literária se manifestou desde cedo, vítima de um pai genial egoísta e egocêntrico, rejeita a família, rejeita a escrita e torna-se um bicho intratável, ora autista ora brutal, descoberto num asilo de doentes mentais por uma psicóloga que por ele se apaixona.
  Os conflitos deste estranho ser com o meio-irmão Benjamim que se lhe introduz em casa contra a sua vontade, tornam-se a linha central do filme. Benjamim nutre uma extrema admiração por Tetro, aliás Angelo. Traz consigo uma velha carta em que Angelo promete nunca o abandonar. Mas Tetro repudia qualquer contacto com a família, mesmo com este encantador irmão. É a mulher de Tetro que o acolhe, lhe explica as absurdas reacções do irmão e lhe dá os manuscritos guardados há muito numa mala e, voluntariamente, sempre inacabados.
 A Benjamim cabe a tarefa de acabar a obra de Tetro, de apresentá-la no Festival da Patagónia (festival que só pelo enquadramento paisagístico vale a pena ser visto) e torná-la uma obra reconhecida e premiada.
  A tragédia, no entanto, está escondida. Tetro desvenda a Benjamim a verdadeira paternidade deste. Ele, Tetro, é, de facto, o pai de Benjamim. O velho Tetroccini seduzira-lhe a namorada, já grávida, obviamente. E o ódio pelo velho compositor agora moribundo transforma-se num ódio familiar.
    Tetro é um bom filme. E ainda que o fantasma do génio possa saturar um pouco, o tema não está gasto. Tem ainda um importante lugar! 

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma pintura de Evelina Oliveira



  Na Arte Lisboa 2009, galeria São Mamede, estavam expostos vários quadros de Evelina Oliveira. Um deles, este, vira-o eu já em finais de Setembro, uma tarde em que caminhava pela rua da Escola Politécnica. 
 Nessa tarde, lembro-me que entrei na galeria, seduzida pelo quadro, e perguntei quem era o autor. Foi então que fiquei a saber da existência de Evelina Oliveira. Não conhecia. No entanto, faz exposições desde 1994. É ilustradora. Teve, recentemente, uma exposição, no Porto, intitulada Paisagens de mim.
  Rocha de Sousa, num artigo que escreveu para o Jornal Letras (6 de Outubro de 2009) sobre a pintura de Evelina Oliveira, com o título Sonhar com os olhos de Alice, diz: «Deformação do visível para que tudo seja menos complexo e opaco como acontece no nosso espaço urbano, carregado de ruídos».
  Deve ter sido esta beleza e delicadeza que se distancia  do rude e grotesco espaço urbano que me atraiu. E me levou a comprar o quadro.
  

domingo, 22 de novembro de 2009

O filme «Julie e Júlia» e a obsessão do blogue



 O filme Julie e Júlia, de Nora Ephron, é uma comédia «simpática» com as actrizes Meryl Streep e Amy Adams.
  Em 1949, Julie Child chega a Paris com o marido, um diplomata americano que exibia, no dedo máximo ou impúdico, um anel com uma enorme pedra turquesa, e começa a aprender a confeccionar receitas da cozinha francesa. O marido elogia-lhe os cozinhados e encoraja-a  a prosseguir esta ocupação. Julie, com um estranho sotaque nasalado, associa-se a outras americanas a viver em Paris e, juntas, dedicam-se de forma entusiástica à cozinha francesa. Mais tarde, já nos E.U.A., Julie é convidada por uma editora para publicar um livro: Dominando a arte da cozinha francesa.
  É este livro e uma admiração esquisita pela autora («a sua amiga imaginária») que, cinquenta anos depois, leva Júlia, uma novaiorquina de trinta anos, a criar um blogue de cozinha, The Julia/Julia project, que se propõe em 365 dias relatar a experimentação de todas as receitas publicadas pela Child. A obsessão torna-se quase insuportável para Júlia, para o quase sempre paciente marido e para nós, expectadores. A sequência - experimentação culinária/relato no blogue - é um frenesim histérico que adverte para  a insanidade mental  a que esta interessante actividade de manter blogues pode conduzir. A frustração pela ausência de comentários e, posteriormente, a euforia pelo excesso dos mesmos e o sucesso público (jornalistas e também edição de livro) deixaram-me a vomitar blogues.
  Aliás, com tanta comida a entrar-nos pelos olhos dentro do princípio ao fim do filme - la grande-bouffe - o vómito vem a condizer. As Júlias confessam: «Só penso em comida o dia inteiro!». E o elogio da manteiga, direi eu, não será o melhor para a obesidade mórbida que para aí grassa.
  Enfim, um filme dispensável! E nada como criar blogues sobre comida e sexo para se ter sucesso...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Desocultando a face


Todos todos embuçados
todos todos mascarados
os Godinhos engordando aos golinhos
os Penedos inchando sem medos
os Varas arrecadando de caras
os Valentins enchendo os bolsos de amendoins
os Costas espalhando mais bostas
os Cunhas cravando as unhas
todos todos sem esquecer os Contradanças
neste brando país enchem as panças

 Nota silogística: Ou a justiça em Portugal é um buraco negro, ou os corruptos em Portugal conhecem o segredo do Homem Invisível. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O deus google



  O google é o deus dos nossos dias. Não se vai à igreja, abre-se o computador e vai-se ao google. O google é omnisciente, omnipresente e omnipotente.
  Parece sem fim e está sempre em expansão, como o deus-universo, o conhecimento que o google permite sobre todas as coisas (sites, blogues, wikipédias, etc.).
 Em todos os lugares do planeta, em qualquer parte do universo (satélites, naves e estações espaciais por enquanto), é possível aceder ao google, navegar por ele.
 O seu poder parece ilimitado. O amor, génese da vida, encontra-se nos chats e nos sites e blogues que promovem os encontros amorosos e os casamentos. A doença e a morte adiam-se e evitam-se através do google. Sobre todas as doenças, encontraremos informações e, sobre a morte, temos explicações, fotografias as mais chocantes, videos, etc, etc.. Quando a morte chega para os nossos amigos, há muitas vezes um blogue ou um jornal on line que nos avisa e que nos relata mesmo os pormenores da morte. Da nossa própria morte, também os nossos familiares  poderão tratar através do google.
  Devemos, realmente, veneração ao google. Aliás, qual deus que se preze, o google permite o livre arbítrio. O poder da escolha, da selecção entre o bom e o mau, entre o melhor e o pior.

 Por isso me pareceu excessivo o desprezo que o comentarista Pacheco Pereira manifestou, ontem, no programa Ponto Contraponto na sic notícias, pela internet e os seus sítios de informação. 

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ministra da Educação ou a imagem da paz

(René Magritte)


   A ministra da educação apareceu de asas brancas, hoje, na Grande Entrevista da RTP1. Era a imagem da paz. A ministra sabe resolver tudo. Está em diálogo. Com os professores (quais?), com o Conselho de Escolas, com o Conselho Científico, com os sindicatos, ... Já na próxima semana, apresentará novas propostas para discussão nos órgãos próprios. A revisão do estatuto será global, porque se trata de uma estrutura. Compreendo. Não responde directamente ao fim da divisão da carreira em titulares e não titulares, mas talvez não fosse uma divisão que lhe agradasse.  No entanto,  nem todos chegarão ao fim da carreira. Por incompetência e negligência provadas? Aceito. (Não deve ser esquecida a base em que os actuais professores titulares foram seleccionados. Nem os professores com carreira reconhecida dentro e fora da escola que ficaram não titulares.)
 A avaliação será interna e externa? Também aceito. Os avaliadores receberão formação especializada? E, antes da receberem, terão já currículos adequados? Há muita gente nas E.S.E.S com muito saber acumulado à espera do aplicar? Espero que sim.
  Será valorizado o trabalho lectivo e também o restante trabalho na escola e ainda o trabalho realizado fora da escola? Parece-me bem.
   O horário dos professores vai ser alterado. Voltarão a ter tempo para estudar, ler, ter interesses culturais? Deixarão de ser autómatos/sinâmbulos, na escola de manhã à noite?
  A ministra da educação é apaziguadora. Tem um sorriso amplo. Os olhos bem abertos. E veste de branco.  
  Afirma a dignidade da profissão. Vai defender essa dignificação? É possível. Temos de esperar para ver e ver para crer. Os professores andam muito desconfiados depois de tudo o que lhes aconteceu nos últimos quatro anos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Caim/José Saramago numa odisseia


   O romance Caim, de José Saramago, é uma espécie de odisseia em que o herói Caim (Caim/José Saramago) se defronta sucessivamente com aventuras/histórias bíblicas, integrando-se nelas ou observando-as, vivendo-as, por vezes, intensamente.
  O herói viaja pelo tempo, a pé ou montado num burro, chegando ao presente de cada história no momento preciso em que, por decisão divina, se preparam as grandes tragédias, castigos ou provações, que constituem os episódios do Antigo testamento: salva Jacob de ser morto pelo pai, Abraão, a mandado de Deus e para experimentar a sua fé; testemunha a destruição de Sodoma, verificando com os seus olhos os «desvios» sexuais que levaram deus a decidir a punição; observa a confusão na torre de babel, aguarda no sopé do monte Sinai pelo demorado encontro de Moisés com o senhor e assiste à adoração do borrego de ouro e à cruel mortantade dos vizinhos e amigos dos hebreus ordenada pelo mesmo senhor; está presente na destruição implacável de Jericó pelo exército israelita comandado por Josué; serve Job e presencia as desgraças de que é vítima; entra na arca de Noé com o seu burro e ajuda na sua construção.
  Caim/José Saramago reage de forma critica e revoltada às injustiças que observa, com um olhar humano que considero intemporal.
 Caim, qual Ulisses, deixa-se seduzir pela «feiticeira» Lilith e esses capítulos são verdadeiramente sedutores e cheios de autenticidade.
  A odisseia de Caim é originada por um crime. Caim matou Abel, seu irmão mais novo, porque deus preferia os cordeiritos que este guardava e lhe oferecia às espigas e  às sementes do seu trabalho agrícola. O sangue de Abel nunca mais largou Caim que foi marcado na testa por deus e destinado a errar pelo mundo  para se redimir do seu pecado. (Porque é que me lembrei tantas vezes da obra Pequenas Memórias, de José Saramago e da morte na infância do irmão do autor?)
  Caim acaba por enfrentar deus e por castigá-lo, matando toda a família de Noé, impedindo a reprodução e acabando assim com a humanidade, obra divina, criada para sofrer todas as perversões de deus.
  Será que José Saramago, próximo da morte, quer que a humanidade acabe com ele. Isto também não é pouco perverso!
   Mas que o romance é muito engraçado, isso é uma verdade!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lixos junto dos contentores de reciclagem, não!



   Quando é que esta gentalha de Lisboa que despeja o lixo mais imundo junto dos contentores de reciclagem começa a ser devidamente multada?
   Está a ver-se grande preocupação em reincentivar a emel para multar os carros estacionados na cidade, houve redefinição de zonas nos bairros, reapreciação da aplicação de multas para este efeito, etc., etc.... Mas nos lixos ninguém fala!
   Há restaurantes que despejam toda a espécie de latas de bebidas, garrafas, caixas, os mais variados dejectos na rua. Os contentores estão vazios, mas as criaturas, ou se calhar autómatos, não perdem tempo a meter lá dentro as embalagens. Deixam-nas jazendo no chão, espalhando-se a porcaria por todo o lado.
  Isto passa-se impunemente todos os dias! Não seria importante estabelecer um sistema de multas para estes actos que deveriam ser considerados infracções cívicas? E pagar a vigilantes para aplicar essas multas?
    Os contentores de reciclagem que deviam ser uma imagem de civilização, tornaram-se uma exemplar imagem terceiromundista!

domingo, 1 de novembro de 2009

Gripe A - Vacinas nas farmácias já!!



  Seis milhões de vacinas (três milhões a duplicar) chegam para vacinar todos os portugueses que o desejarem. Não há razão para as vacinas não irem para as farmácias e serem levadas tal como a vacina da gripe sazonal. Parece que a fome deu em fartura e agora será bom que não vão para o lixo!
 Os políticos já se vacinaram? Os médicos? Os enfermeiros? As grávidas? As pessoas com patologias respiratórias?
  Os comuns mortais  e se calhar mais mortais do que os outros estão à espera. À espera que não se continue indefinidamente no período de restrição e se ajustem as medidas à nova situação.
   Que não seja necessário morrer sentado à espera!...
 

sábado, 31 de outubro de 2009

Porque é que os lisboetas escarram para o chão?!



   Acabei de ser obrigada a desviar-me de uma portentosa escarradela saída da boca de um lisboeta. Mais uma! Que nojo! Tratava-se de um indivíduo bem vestido, acabado de sair de um banco onde teria ido levantar dinheiro. Fui a casa buscar a máquina fotográfica e fotografei a calçada. Se está aí a escarradela, não sei. A verdade é que não aguento mais!
  Escarram homens, mulheres, crianças, todos os espécimens humanos eu já vi a escarrar nas ruas de Lisboa. Bem vestidos e mal vestidos. E não foi esta a primeira vez que tive de me desviar. Não poderá haver uma campanha cívica para isto?! Teremos que esperar que gerações mais civilizadas venham a habitar esta cidade?!
  A Clara Ferreira Alves fala hoje, jocosamente, no «admirável mundo dos blogues» (Expresso/Pluma Caprichosa - como a pluma é caprichosa, todos os «caprichos» são de esperar...). Pois gostaria mesmo que alguém da nova vereação da Câmara passasse por este «admirável mundo»!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma nova aventura da ministra da educação


  A ministra da educação terá que escrever uma nova aventura, Uma aventura no Portugal dos Pequeninos. Se a Ana Magalhães for secretária de estado ajudará nessa aventura.
  Uma aventura na escola já está escrita, mas Uma aventura no Portugal dos Pequeninos será muito mais interessante. Todas as escolas deste país são células deste Portugal. Sobretudo depois do tsunami desencadeado pela anterior ministra. Na realidade, nada existe hoje nas escolas. Tudo é fantasia. As alterações foram tantas, tão excessivas, «fantásticas» e monstruosas (horário dos professores, director, assembleia de escola, avaliação dos professores intrincada e disparatada, estatuto dos alunos, divisão arbitrária da carreira docente - titulares e não titulares -, gigantescos departamentos, coordenadores multifuncionais, reformas antecipadas dos professores, etc., etc.) que nada é levado a sério. Nas escolas, têm-se vivido estes últimos anos à espera que passe... À espera que passe a onda de loucura, a nuvem de poeira radioactiva que lançaram sobre elas...
  Como irá a ministra acabar Uma aventura no Portugal dos Pequeninos? Conseguirá a passagem para um mundo a sério? Ou as personagens terminarão enredadas num labirinto inexorável e inquietante. Tal como estão neste momento!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

E se o deus de Caim não gostasse de carne...



  Se o deus de Caim não gostasse de carne, não teria preferido os primogénitos do rebanho do pastor Abel. Se esse deus fosse vegetariano, por um lado, não teria um barrigão como este troll da imagem e, por outro lado, teria aceitado a oferta de frutos da terra  do lavrador Caim.
  Assim, Caim não sentiria ciúmes de Abel e não o teria matado. O mito do bem e do mal não teria visto a luz do Sol e a humanidade não era nem boa nem má, era assim uma espécie de arroz de alho com bife de perú grelhado.
  Claro que não teríamos o frente-a-frente que vai ter lugar hoje à noite na sic notícias entre José Saramago e o padre Carreira das Neves. E eu não estaria a deliciar-me a ler o romance Caim.
No entanto, uma coisa na história narrada no Génesis 4, 1-16 é interessante. O deus de Caim era contra a pena de morte. De contrário, quando Caim lhe diz que teme vir a ser morto, ele não teria respondido:«Se alguém matar Caim, será  castigado sete vezes mais.». E este exemplo, muitos países deste mundo de Deus não seguem, entre os quais os bem-aventurados Estados Unidos da América.
    
Vejam o frente-a-frente, hoje à noite na sic notícias, que deve ser giro!

clique aqui

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Viva o governo das Maldivas!



   O governo das Maldivas, o presidente Mohamed Nasheed e onze dos seus ministros, reuniu a quatro metros de profundidade. Com ardósias de plástico, canetas à prova de água, fatos isotérmicos, os membros deste governo comunicaram por escrito e por gestos e assinaram um apelo ao mundo para que, na próxima Cimeira do Clima, no mês de Dezembro, em Copenhaga, fossem definidas metas rigorosas para redução dos gases com efeito de estufa no mundo. 
  O arquipélago das Maldivas, composto por 1192 ilhas e com 396 mil habitantes ficará submerso no final deste século. O presidente pretende criar um fundo para aquisição de terras noutro lugar - Sri Lanka, Índia, Norte da Austália - para onde os seus habitantes possam ir viver, fugindo à morte que se aproxima.
   O governo das Maldivas decidiu tornar-se «neutro em carbono» no prazo de dez anos e investir nas energias renováveis. E os outros governos de todo o mundo o que vão fazer? Que medidas vão sair da Cimeira de Copenhaga?

    Que viva o governo das Maldivas, e a criatividade desse governo!

Agnès Varda no Chiado



  Quando Agnès Varda entrou na sala, no domingo às 19 horas, ela própria era uma obra de arte. Na sua cabeça, Agnès traçou, distinguindo a cor branca dos cabelos da castanha, uma espécie de quipá dos judeus, ou de solidéu dos católicos, ou a tonsura em forma de coroa dos frades franciscanos. Parecia realmente a cabeça de um santo. Talvez antes de um sábio da igreja. (Na fotografia vê-se mais ou menos.)
  Havia muita gente na sala. Muita gente jovem. Pelas intervenções, soube-se depois que tinham visto o seu último filme, As praias de Agnès, e tinham adorado. Agnès, contente, lembrou o pesadelo de um cineasta: o seu filme ser apresentado numa sala de cinema e não estar ningém a ver.
 Com a colaboração de Vasco Câmara, apresentou os filmes do DVD editado recentemente pela FNAC. Mas aproveitou para falar da nossa percepção do tempo, comparando-a a um acordeão, que em certos momentos é mais ampla e noutros  mais estreita.
  Falou também da gramática do cinema e da sua permissão de dar saltos na geografia. No final, referiu que tinha consciência de que poucas pessoas viam os seus filmes e de que essas eram as pessoas que estavam na margem. E lembrou uma frase de Godard:«Mas é na margem que se sustenta o livro.».
   
 Vale a pena estar na margem e conhecer Agnès Varda!
 

domingo, 18 de outubro de 2009

A festa do cinema francês



  Alguns magníficos filmes na festa do cinema francês deste ano!
Eden à l' Oeste, de Costa-Gavras, é a história de Elias um emigrante árabe, daqueles que vêm aos magotes, amontoados em barcos, em direcção à Europa. No mar Egeu, a polícia costeira aborda o barco e alguns dos emigrantes, assustados, lançam-se à água e nadam em direcção à terra maia próxima. Elias aprendera francês e é a Paris que quer chegar. Muitas e engraçadas peripécias mostram a variedade do género humano: os solidários, os pulhas, os homossexuais, as mulheres solitárias em busca de afecto, os exploradores, os ladrões, etc., etc. Até um mágico que trabalha no Lido, nos Champs Elisées, cuja promessa de apoio se torna a luz verde que Elias persegue até ao final do filme.
Erreur de la banque en votre faveur, é uma engraçadíssima comédia, em que o mordomo de uma casa de banqueiros percebe que se ouvir as informações sobre a bolsa de que falam os patrões, pode lucrar, ele e os amigos, investindo em acções. (A vida do bairro parisiense onde estes amigos moram é bem retratada no filme.)  Até que os banqueiros descobrem e lhe preparam uma armadilha. Mas, num genial volte-face, Foucault, o mordomo, vira a situação em seu favor!
La terre de la folie, é um muito interessante documentário sobre as tendências criminosas dos habitantes de uma certa região dos Alpes por onde terá passado a nuvem de poeira radioactiva vinda de Chernobil. As histórias das perturbações mentais sucedem-se, incríveis e com a verdadeira cor local.
Le plaisir de chanter, é outra comédia bem engraçada sobre os alunos de uma aula de canto, todos espiões, franceses e russos, com vozes espantosas. Podemos ouvir a cantora Jeanne Balibar em excelentes excertos musicais.
De Coco Chanel et Igor StravinsKi , poderei dizer o que disse o realizador Jan Kounem, presente no São Jorge, «laissez-vous glisser dans le filme». É a elegância, a música, a ternura, a sedução, a beleza, enfim.
  
 Temos muitos e belos filmes para ver!