quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O DESASSOSSEGO da noite de 29 de Setembro

(publico.pt)


  Entre a estreia do Filme do Desassossego, de João Botelho, e o desassossego da conferência de imprensa do primeiro ministro e do ministro das finanças, passámos a noite de ontem.
  O Filme do Desassossego é um filme muito belo: as imagens de Lisboa (a Baixa, o Terreiro do Paço e o Cais das Colunas), a interpretação do actor Cláudio Silva e dos outros actores, a voz de Carminho, o texto de Pessoa, tudo no filme me agradou. No entanto, o texto  do Livro do Desassossego, de Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa), é um texto paradoxal. O narrador observa a vida de um lado contrário àquele  em que, normalmente, as pessoas se colocam e, portanto, o desassossego, a inquietação, o espanto, apodera-se do leitor. O espectador do filme sente também esse desassossego, essa estranheza.
  Por coincidência, também as notícias do governo causaram nos ouvintes grande inquietação e desassossego. Afinal, o governo seguiu as orientações dos agoirentos economistas  do PSD (Mira Amaral, João Salgueiro, Nogueira Leite, etc.) e anunciou cortes nos salários da Função Pública, aumentos nos descontos para a CGA, no IVA, etc. Ninguém falou na redução de despesas com chefias de empresas públicas, nos prémios, nos automóveis de luxo que lhes são atribuídos, etc., etc.  É a Função Pública que gera o ódio dos economistas e há que aplacar esses ódios.  A especulação capitalista está demasiado atenta às opiniões desses economistas de direita e o governo tem medo disso.
  E assim a noite de 29 de Setembro ficará lembrada como noite de grande desassossego, sobretudo por todos os paradoxos que estão à espreita.

 
 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As vozes proféticas da desgraça

     Nos meses de Verão, estivemos todos a banhos, nós e eles, «naquele engano de alma ledo e cego» que os interesses políticos não deixam durar muito. Não se falou em juros da dívida pública nem em orçamento de 2011, apenas os macabros incidentes da herança de Tomé Feteira agitaram as agências noticiosas.
  Após o 9 de Setembro, tudo começou! Os profetas da desgraça começaram sucessivamente a subir às montanhas, anunciando as grandes catástrofes que iriam abater-se sobre este país - as subidas de impostos, os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos e no subsídio de Natal, o monstro do FMI escurecendo os ares sobre as nossas cabeças, os segredos da economia portuguesa guardados a sete chaves pelo governo, ...
  Os economistas mediáticos -  João Duque, Medina Carreira, Helena Garrido, Ernâni Lopes, etc., etc. -  perfilaram-se diariamente nos vários canais de televisão, criando o ambiente necessário ao descrédito  da capacidade dos governantes, abrindo caminho para a confusão política, para a subida dos juros da tal dívida pública, para a machada fatal nos salários da função pública,  sempre tão odiada por estes famigerados economistas que não são funcionários públicos obviamente.
  E qual é o deus que estes profetas querem anunciar como salvador da nação?
  Parece claro para toda a gente que se trata de Pedro Passos Coelho e do seu partido.
  Que desgraça anunciada por aí vem!!

domingo, 19 de setembro de 2010

«Jantar de idiotas» de Jay Roach ou «O jantar de palermas» de Francis Veber - qual o filme mais divertido?

(publico.pt)

   Se O jantar de palermas, de Francis Veber, era uma comédia sofisticada e intelectual, à maneira francesa, uma peça de teatro filmada num espaço reduzido e que termina sem que o anunciado jantar se realize, Jantar de idiotas, de Jay Roach,  é uma americanada divertida, que ultrapassa os condicionalismos do teatro e nos oferece o jantar propriamente dito e as peripécias desse jantar.
  O «esqueleto» da história é idêntico nos dois filmes - um grupo de pessoas reunem-se periodicamente num jantar, tendo cada um, por obrigatoriedade, de levar um palerma (ou um idiota) com dotes de estupidez suficientes para espantar os demais convidados.
  Ambos os filmes põem em causa o conceito de «idiota», socialmente construído para desvalorizar e ridicularizar aqueles  que se ajustam menos bem à norma social. E demonstram que a norma tem pés de vidro e que o jogo social é apenas um jogo de vaidades, de aparências.
  Eu diverti-me mais a ver o filme americano. Lamento o declínio do meu pendor intelectual.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Marina Cedro esteve hoje na Casa Fernando Pessoa




  Marina Cedro esteve hoje com Casimiro de Brito, na Casa Fernando Pessoa, para a apresentação do livro  de ambos - Amo Agora - (poesia erótica) da Editora 4Águas de Faro.
  Muito interessante esta apresentação /recital com a argentina Marina Cedro ao piano, quer dizendo os seus poemas quer interpretando melodias diversas, tangos incluídos.
 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Manuel Alegre - o rosto do progresso e da mudança

 
  Apoiantes convictos e entusiasmados receberam Manuel Alegre no CCB no dia 11 de Setembro. Este simpático comício foi considerado pelos media a sua rentrée política.
  Após as intervenções dos mandatários, Manuel Alegre fez um discurso claro e incisivo sobre as suas propostas de actuação como Presidente da República: uma visão cultural e política, aberta e progressista, um posicionamento de clareza e firmeza pela defesa da saúde pública, da escola pública e da segurança social pública.



  É urgente concentrar esforços em volta da candidatura de Manuel Alegre. É urgente dar vida e honestidade a este país. É urgente repudiar os sonsos, os ambíguos, os tremelicantes das palavras e das intenções!

  

domingo, 5 de setembro de 2010

«Cartas para Julieta», de Gary Winick - uma homenagem a Vanessa Redgrave e... ao amor


(publico.pt)

  Verona e a janela da suposta casa de Julieta apresentam-se, neste filme, como símbolos do amor, lugares de um culto - a religião do amor.  As paredes da casa da Julieta de Shakespeare enchem-se diariamente de centenas de cartas e de bilhetes de turistas que, em desesperos de amor, pedem a Julieta (a Santa Julieta) que faça eco dos seus problemas e lhes dê solução.
  Uma jornalista americana, em lua-de-mel por Verona, descobre, entre essas cartas, uma carta escrita cinquenta anos antes por uma turista inglesa que se apaixonara, durante a sua permanência em Itália, por um jovem, Lorenzo Belini. Tal como fazem as «secretárias de Julieta», umas senhoras que dedicam o seu tempo a responder às cartas das turistas, Sophie, a jornalista, decide responder a esta carta.
  Surpresa - na volta do correio, chega a Verona a velha senhora, Vanessa Redgrave, e a corrida para encontrar Lorenzo ( de entre as centenas de Lorenzos Belinis existentes na região) vai percorrer todo o filme.
  Cartas para Julieta é um hino ao poder do destino e ao amor. Shakespeariano enquanto tal!
  Veja-se o filme e saber-se-á se é trágico ou não. E se no filme reina o romance, quem pode negar que a vida seja um romance?


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Que «terror das trêvas» foi esta conferência de imprensa dada por um condenado no processo Casa Pia?

  Como é possível, neste país, que um condenado a sete anos de prisão no processo Casa Pia, dê, a seguir ao julgamento em que foi condenado, uma conferência de imprensa  transmitida em directo, durante uma hora, na RTPN, na Sic, na Sic Notícias, na TVI e na TVI24? Isto é uma República das Bananas? Há por aqui cartéis da droga que comandam esta coisa toda? 
  Que os condenados e os seus advogados façam os recursos que desejarem é lá com eles e com a justiça! Agora que venham fazer propaganda dos seus próprios interesses e denegrir a justiça nacional, fazendo uso dos dinheiros dos contribuintes deste país, é demais!!
 Quem pensa o senhor Carlos Cruz e os seus amigos advogados que são? Foi realmente «o terror das trêvas» (trêvas ou trevas? - o advogado Sá Fernandes tem alguns problemas de pronúncia!) o que se passou naquela dita conferência de imprensa! Quem é que está interessado na família solidária do senhor Carlos Cruz ( a ex-mulher, o enteado lá no Brasil, as filhas e mais a mulher)? Que o condenado e os seus advogados são muito amigos já se percebeu e isso não abona nada em favor da verdade nem da justiça!
  A minha indignação não pode ser maior em relação ao tempo de antena dado a estes três senhores! Para mim, como para Catalina Pestana, o processo Casa Pia chegou ao fim, felizmente. Que vão estrebuchar na prisão os condenados e não continuem a gastar o dinheiro nem o tempo dos Portugueses!