quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O MUNDO É UM PALCO, (exc. de «Como vos Aprouver», de William Shakespeare)



O mundo é um palco
E todos os homens e mulheres simples atores:
Têm as suas saídas e entradas,
E, em vida, um só homem tem vários papéis,
Tendo os seus atos sete idades. Primeiro o infante,
Berrando e bolsando no colo da ama;
Depois o aluno lamuriento, de sacola
E cara lavada, pela manhã, arrastando-se
Contrafeito para a escola; depois o amante,
Suspirando como um fole, com uma balada triste
Às sobrancelhas da amada; depois o soldado,
De juras estranhas e barba de pantera:
Cioso da sua honra e pronto para a luta,
Procura essa bola de sabão chamada glória
Mesmo na boca de um canhão; depois vem a justiça,
De bela barriga inchada à custa de capão,
De olhos severos e barba bem cortada,
Todo ele é provérbios sábios e lugares-comuns -
- E assim cumpre o seu papel; a sexta idade
Vem de calças magras e chinelos, óculos
Na ponta do nariz, bolsa a tiracolo,
E grevas conservadas da juventude - imensas
Para as pernas mirradas - e o seu vozeirão másculo,
Regressado ao tremor da infância, modula-se
Em chiadeira e assobios; a cena que fecha
Esta estranha e acidentada história
É a segunda infância e total oblívio,
Sem dentes, sem olhos, sem gosto, sem nada.

         Como vos Aprouver (excerto), de William Shakespeare


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MEIA-NOITE EM PARIS, de Woody Allen - entre tempos, na mesma cidade!


  Paris em 2010, Paris em 1929, Paris em 1890! Sempre Paris, épocas diferentes, personagens e personalidades diferentes! Este filme de Woody Allen é especializado uma homenagem a Paris e ao universo de celebridades que lá viveu, conviveu e consolidou o seu génio.
  Gil Pender, escritor americano ainda inseguro das suas qualidades e do seu talento, encontra-se em Paris numa viagen prénupcial, com a noiva e os futuros sogros. Gil Pender é o elemento dissonante nesta família da alta burguesia americana, formal e preconceituosa, de ambições e horizontes limitados. 
  Eleito da hora mágica, a meia-noite, Gil Pender viaja no tempo e, nas noites dos anos 20 em Paris, conhece Cole Porter, Scott Fitzgerald, Hemingway, Dalí, Man Ray, Buñuel, Pablo Picasso, enfim, penetra numa «mina »Onde se selecciona os maiores artistas e escritores de todos os tempos. Gertrude Stein lê o manuscrito do romance que Pender e recebe, apresenta-se como crítico e conselhos. Que sonho mágico, que orgia intelectual!
  Pela mão da encantadora Adriana, modelo de Picasso, viaja até à Belle Époque (1890), conhece Toulouse Lautrec, como Folies Bergères, ...
  Segundo os padrões de cinema, uma mensagem deste filme visa destruir o mito da Idade de Ouro. A Idade de Ouro será sempre aquela em que não vivemos e desejaríamos ter vivido! Mas essa não é o melhor nem pior do que a nossa.
  Para mim, este filme representa a fusão dos tempos e Paris entre os tempos e a civilização e riqueza intelectual em que nós, felizmente, vivemos.
  E, para além disto, Gil Pender fala como Woody Allen e a jovem antiquária parisiense tem a cara da Mia Ferrow! Todos os filmes de Woody Allen estão neste filme!
  Estou a exagerar? Como a canção de Cole Porter, música de fundo do filme, «Apaixonamo-nos ...» por este filme de Woody

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

LÍBIA - a coragem dos jovens rebeldes de t-shirts e blue jeans


publico.pt

  Hoje é o tempo de elogiar estes rebeldes da Líbia, jovens homens de t-shirts e de blue jeans, sujas e suadas, de cabeças descobertas ou apenas cobertas com lenços ou bonés, que lutam e morrem pelos seus ideais. É o tempo de elogiar este desapego à vida, esta disponibilidade, esta coragem, esta vontade inabalável de mudar um regime, de construir a liberdade, de afastar o símbolo da opressão, o resiliente Kadhafi.
  Excêntrico, sempre na fronteira entre o ridículo e o fascinante, Kadhafi cultivou uma imagem bizarra e carismática que dificilmente admite ter terminado o seu reinado. Nos subterrâneos, sejam eles quais forem, Kadhafi ameaça, apela ao ódio e à guerra, «estrebucha» de forma demasiado deselegante e risível.
  O futuro virá e se verá o que trará, mas as imagens destes rebeldes - HOJE - merecem toda a nossa admiração e elogio!!

publico.pt

sábado, 30 de julho de 2011

NORUEGA - uma democracia exemplar

                                           publico.pt - fotografia de Stoyan Nenov/Reuters


  Muitos são os países cujos governos reclamam a democracia como forma de regime. Mas quantos, perante atos terroristas como os que sucederam recentemente na Noruega, reagiriam como este país e este governo?
  Sete dezenas de jovens noruegueses, entre os 14 e os 18 anos, foram barbaramente assassinados, à traição, a sangue frio, por um louco da extrema direita que odeia os imigrantes, os islâmicos, e que, assim, quis punir e flagelar o seu povo e a democracia norueguesa.
  E qual foi a reação do povo e do governo? Não tem sido o ódio, nem o desejo de vingança, nem a raiva retaliadora que têm norteado os depoimentos, as atitudes, as decisões ou os discursos governamentais.
  A resposta ao terrorismo e ao fanatismo da extrema direita tem sido dada com mais democracia e com maior tolerância em relação ao multiculturalismo, às diferenças religiosas e raciais. A primeira grande cerimónia fúnebre de homenagem às vítimas dos ataques terroristas foi realizada na maior mesquita de Oslo. Não poderia haver resposta mais democrática|
  Eu, que não consigo deixar de sentir ódio pelo execrável terrorista (o primeiro ministro norueguês recusa referir-se-lhe pelo nome, não serei eu que o farei), espanto-me com a tolerância, mas admiro verdadeiramente esta atitude democrática e penso que a Noruega vai ficar na História como o primeiro país que reage democraticamente a um bárbaro ato terrorista.



sábado, 16 de julho de 2011

A SOBRETAXA EXTRAORDINÁRIA (o novo imposto) - e os JUROS e os DIVIDENDOS ficam de fora?!

publico.pt


  Uma sobretaxa extraordinária em sede de IRS, um pagamento até 23 de dezembro de 2011 pelos trabalhadores dependentes e pelos pensionistas e, em 2012, pelos trabalhadores independentes e os recibos verdes, foi apresentado ao país pelo Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, no passado dia 14 , 5ª feira.
 A performance do ministro parece-me, neste momento, secundária. A lentidão e as hesitações vocais serão, seguramente, ultrapassadas com a rodagem que se seguirá.
 O que me abismou na apresentação deste novo imposto foi o facto dos juros dos grandes depósitos bancários e os dividendos das grandes empresas distribuídas pelos acionistas ficarem isentos de qualquer pagamento. 
 Apetece dizer - «QUE GRANDE LATA !!»
  O regime é capitalista, certo. Mas os tempos são de pré bancarrota e a mudança das regras económicas é necessária necessária !!
  Marques Mendes, personalidade do PSD, criticou logo no dia seguinte na TVI24 este absurdo.Que é de um absurdo que se trata !!
  O dirigente sindical Carvalho da Silva criticou o imposto dizendo que o capital fica de fora. Mas a palavra marxista capital é hoje uma palavra vaga, oca. Ninguém fica a saber realmente o que está mal neste imposto. Os dirigentes sindicais têm que ser concretos e apontar os erros em particular. É tempo de abandonar essa terminologia teórica e distante que o povo não entende !!
  Um tal analista e economista Eugénio Rosa, que agora é muito chamado para debates televisivos, entretém-se a lançar poeira para os auditórios, alertando para o desastre económico iminente e defendendo as poupanças. Que poupanças? As poupanças de quem trabalha ou os grandes depósitos de milhar ou de milhões de euros que resultam de heranças ou da especulação com toda a espécie de origens? Parece-me que o que interessa mesmo a este tipo de comentaristas é confundir, amortecer o povo. E o povo, quando questionado nas ruas pelas televisões diz, ingenuamente, que «Tem que ser!», «Tem que se ajudar o país!» Pois é, mas há os que não têm que ajudar o país ...
  É fácil enganar o povo!
  Telmo Correia do CDS disse ontem num frente-a-frente na Sic Notícias que os portugueses votaram numa maioria que defende os grandes depósitos bancários e, portanto, é natural que o governo os defenda.
  QUE LATA! QUE GRANDE LATA!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

HADEWIJCH, de Bruno Dumont - os mistérios da obsessão crística




  Céline sobe, torturada, uma encosta verdejante próxima do convento onde vive e dirige-se, especificada, para um oratório onde se encontra a imagem de Cristo cruxificado e que se situa no cimo dessa encosta.  Frente ao oratório, fala com Cristo, em sofrimento, como uma pessoa que vive desesperada.
 No convento, Céline não come, mortifica-se, de tal modo que a madre superiora, atenta e sensata, a obriga a abandonar o convento e a procurar Cristo na vida real.
  No entanto, na vida real, Céline pertence a uma família da alta burguesia parisiense, é filha de um político que pouca ou nenhuma atenção presta à família e de uma mãe deprimida e silenciosa. Uma família sem afetos e onde domina a solidão.
  Num bar de Paris, Céline conhece um grupo de jovens muçulmanos e entra num relacionamento com Yassine. Porém, Céline define uma relação. Relações sexuais não terá com homem algum, a paixão de Céline é por Cristo e para ele se reserva.
  Yassine tem um irmão, Nassir, um teólogo limpoo, militante da causa palestiniana. Entre Céline e Nassir estabelecem-se convergências, uma religiosidade liga-os, compreendem-se nas paixões.
  Para Nassir, como pessoas de fé são «soldados de Deus que vivem para repor a justiça no mundo». Céline deixa-se convencer e presta-se ao sacrifício.
 Hadewijch  era o nome de uma religiosa mística de Antuérpia que viveu no século XII e escreveu um «Livro de Visões». Hadewijch   é também o nome do convento onde Céline se recolhe para viver a sua fé. 
  Céline, a Hadewijch do século XXI, volta ao convento onde continua, desesperada, a perseguir a sua obsessão crística.

  Este filme coloca-nos interrogações sobre a fé vivida de forma fundamentalista, sobre as razões que a originam - a falta de afeto (Céline), a injustiça (Nassir).
  Em Hadewijch  , uma religião cristã e a islamita compreendem-se nos seus excessos, nas suas excentricidades - um paralelismo a não esquecer!

 

terça-feira, 5 de julho de 2011

VIAGEM A PORTUGAL, de Sérgio Tréfaut - uma burocracia acéfala

fotografia do dn.pt

  No aeroporto de Faro, no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, uma mulher ucraniana vê-se detida pela polícia por chegar a Portugal com um visto turístico e não um visto de residência (vinha visitar o marido, um negro nigeriano que fizera o curso de medicina em Kiev).
  Inicialmente, a investigação parece legítima - poderia tratar-se de mais uma ucraniana seduzida por uma máfia qualquer para ser explorada como prostituta em qualquer bar de alterne como acontece com frequência. Mas o que se torna revoltante na história é que, verificado o engano e as razões honestas da viagem a  Portugal da mulher ucraniana, como humilhações e o tratamento indigno para qualquer ser humano continuado por parte da mulher polícia chefe e dos «vendilhões» daquele «Templo »(A ucraniana era médica, casada, de facto, com um médico nigeriano que era imigrante em Portugal).
  Maria de Medeiros desempenha magnificamente o papel da ucraniana e Isabel Ruth, a detestável mulher-polícia, tem também uma representação espantosa.
  Em cenários minimalistas e com meios visivelmente reduzidos, Sérgio Tréfaut conta e filma magistralmente esta história que se baseia em factos reais passados ​​em 1998.
  A imagem desse Portugal é má e mostra uma burocracia acéfala, que não se ajusta a situações inesperadas nem entende razões humanas fora dos estereótipos legais e uniformes.
 Seria importante que os portugueses (e não só!) Vissem o filme e refletissem!


terça-feira, 21 de junho de 2011

Se Nobre tivesse sido nobre ...

 Se Fernando Nobre tivesse mesmo sido nobre:
 
 1º não se teria candidatado a Presidente da República;

 2º teria recusado entrar nas listas do PSD (ou de qualquer outro partido);

 3º teria aceitado quando, no Facebook, foi alvo de insultos e críticas (de tal modo que se viu obrigado a retirar a sua página) que os portugueses não o quisessem na vida política;

 4º não se teria candidatado a Presidente da Assembleia da República (condição para entrar nas listas do PSD!);

 5º teria desistido das suas pretenções a Presidente da Assembleia da República quando todos os partidos revelaram as suas intenções de não o apoiar, inclusive vários membros do PSD;

 6º devia ter desistido logo à primeira volta da sua candidatura a Presidente da A.R.;

7º não teria continuado sequer como deputado da Assembleia da República.

   E porquê? Porque Fernando Nobre tem escrito na cara que não tem qualquer jeito para a política.(ponto final)

 Nota: jeito (neste contexto) significa: coerência e clareza ideológica, sagacidade, fluência, agilidade mental, cultura geral, cultura política, sedução verbal, sedução mímica, convicção, ...

sábado, 11 de junho de 2011

Derrotas e vitórias eleitorais - a democracia tem razões...


      As alterações legislativas de 5 de junho deram uma derrota muito evidente a José Sócrates, secretário geral do PS, que se demitiu minutos depois de serem conhecidos os resultados.
  A aversão a José Sócrates foi crescendo com o decorrer dos anos de poder e, penso, só pelo fato de não haver um líder minimamente credível no PSD nas revisão de 2009, o PS ganhou e José Sócrates continuou no poder.
  A crise económica, o endividamento excessivo, os gastos públicos, a corrupção teve um peso importante. Uma alternativa governamental deu esperanças de novas soluções ou, pelo menos, de obrigar a repensar alguns esquemas viciados, algumas opções duvidosas.
  No entanto, penso que, se José Sócrates não foi reeleito secretário geral do PS no último congresso, os resultados das alterações legislativas foram ter sido diferentes. O ódio a Sócrates e alguns dos seus tentáculos poderosos (Silva Pereira, Santos Silva, ...) teve razões para além da crise económica. Sócrates apresentou-se sempre muito arrogante, teatral e distante. Parecia realmente um ator, sempre a representar o papel de César, a debitar um discurso que cheirava progressivamente mais a irrealista e artificial. As «mentiras» a que o povo se referia deviam-se às mudanças contínuas na economia europeia, mas também ao estilo ultraconfiante e embalador de José Sócrates.
  Uma democracia afasta como prepotências e destrói como arrogâncias. Em democracia não há mal que sempre dure ... Nem o que estava nem o que virá! Os fanáticos e os facciosos da esquerda e da direita existem em democracia e têm o seu lugar. Mas, louvada seja uma democracia !, o bom senso costuma vencer.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

A ÁRVORE DA VIDA, de Terrence Malick - uma religiosidade conhecida, mas sempre esquecida




   Uma família texana dos anos 50. A morte de um filho de 19 anos, possivelmente na Guerra do Vietname. E a urgência desesperada de obter uma explicação, uma justificação.
  O Livro de Job, do Velho Testamento, Deus que tudo dá e tudo tira, a origem do Universo, da vida, o movimento incessante de todas as coisas, a transformação implacável, a família, o nascimento dos filhos, a renovação - o mistério da vida e a morte!
  Terrence Malick confronta-nos com a dor do crescimento, a «guerra» dos afetos no seio de uma família, a violência dos estereótipos da educação, o sofrimento que os seres humanos que se amam causam uns aos outros quer por pulsões primárias, quer por convenções sociais irrisórias.
  Para quê a rigidez, a dureza com que as pessoas se organizam em sociedades, nas famílias? A fragilidade de todas as coisas do Universo e da vida é irremediável!
  O Livro de Job lidera as interrogações do filme.E o século XXI tem mostrado a profundidade e a verdade dessas palavras. A humildade perante a vida e o Universo deve ser a atitude, o posicionamento do ser humano - essa é a religiosidade a que o filme nos convida e que acaba por nos impregnar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A fotógrafa Jamie Beck: cinemagraphs e fotografias


  A fotógrafa novaiorquina Jamie Beck inventou uma nova forma de fazer fotografia.
Misturando o filme com a fotografia, começou a produzir fotografias com movimento, fazendo salientar os elementos da imagem que mais beleza e realismo lhe podem transmitir.
  Jamie Beck é uma magnífica fotógrafa. Não são apenas os cinemagraphs (que circulam na internet para abrir as bocas de espanto), mas todo o seu trabalho fotográfico de pesquisa e experimentação me parece digno de muita atenção e reconhecimento. O seu blogue http://fromme-toyou.tumblr.com/
merece ser visitado e admirado.
  Publico alguns cinemagraphs e fotografias que achei muito interessantes:


Jamie Beck cenouras


Jamie Beck copo de refresco



Jamie Beck vinho para o copo



Jamie Beck saia que mexe e sapatos azuis


Jamie Beck menina de folho branco ao vento


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conferência-bomba em CIDADE aTRAVESSA (poesia dos lugares)

   Nos dias 18 e 19 de maio, teve lugar, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, o evento Cidade aTravessa (poesia dos lugares), um evento que reúne poetas de vários países e que, pela primeira vez, se realizou em Portugal, embora vá na sua décima primeira edição.
  O objetivo destes eventos é reunir «vertentes poéticas atuais» de diversas partes do mundo e apresentá-las a um público aberto. Neste evento, participaram poetas do Brasil, Itália, México, Holanda, França, Portugal, entre outros.



  Ontem, uma Conferência-bomba, realizada por Graça Capinha (Portugal) e Arie Pos (Holanda), «Cartografia dos redutos na poesia portuguesa, traçada por dentro e por fora», apresentou resultados de uma investigação que revela o grande desconhecimento da maior parte da poesia que se faz em Portugal pelo país fora (capital e província), em papel ou eletrónica (blogues), permitindo a valorização continuada de uma mesma espécie de poesia, a dos autores consagrados - Camões, Pessoa, e os outros que lhes vão no encalço. O trabalho de investigação «Novas Poéticas de Resistência do século XXI em Portugal» (brevemente on-line) mostra como se organizam os concursos literários em Portugal, sempre com os mesmos membros dos júris, premiando sempre o mesmo tipo de poesia e os poetas que poderão render no mercado editorial (por várias razões, obviamente). Também neste setor, parece haver o afamado «tráfico de influências». Aconselho a leitura do relatório (organizado pela Dr.ª Graça Capinha) - eu tenciono lê-lo.



   Seguiu-se leitura de poemas pelos seus autores, os poetas Ana Maria Ramiro (Brasil), Guilherme Zarvos (Brasil) e João Rasteiro (Portugal/Coimbra). Bons poemas e bons poetas seguramente!
   Assisti também à projeção do filme Cidade Reposta, de Márcio- André, um muito interessante e poético documentário sobre a cidade.



domingo, 15 de maio de 2011

WORLD PRESS PHOTO 11 - imagens trágicas e outras inesperadas deste planeta

 A exposição de fotografia WORLD PRESS PHOTO 11 encontra-se até ao dia 22 de maio no Museu da Eletricidade, em Lisboa. Trata-se de um extraordinária exposição de fotografias de acontecimentos e situações que ocorreram no mundo no último ano. Num planeta em que grandes tragédias aconteceram, não podemos estranhar alguns horrores que aquelas imagens revelam. Mas outras imagens espantosas e ternas nos esperam nesta exposição.





























quinta-feira, 12 de maio de 2011

A TROIKA Bang! Bang! - QUEM DEVE MUDAR DE VIDA??



     A TROIKA(Comissão Europeia, FMI e BCE) apresentou no passado dia 4 de Maio o programa para Portugal nos próximos 3 anos (2011/2013) resultado das negociações com o partido no Governo (PS) e com os dois partidos candidatos a governo (PSD e CDS). (O BE e o PC demarcaram-se das negociações com a Troika e colocam-se cada vez mais num mundo imaginário, com críticas e propostas que caiem no vazio).
  O programa da Troika exige obviamente a redução do défice para que seja concedida a ajuda económica. (Claro que neste mundo de especuladores trafulhas não se pode ter défices nem acreditar em sonhos de União Europeia!!, estou plenamente de acordo. E acho que todos os esforços devem ser centrados em acabar com as dívidas, e fugir dos «mercados» e das «agências de rating».)  E para reduzir o défice - BANG! BANG! - cortes e mais cortes, tiros por todo o lado! Nas pensões, nos benefícios de saúde, nas admissões na Função Pública, nas deduções fiscais, nos subsídios de desemprego, no número de municípios e de freguesias, nos serviços da Administração Pública, etc., etc., etc. - cortes e aumentos dos impostos IRS, IVA, IRC... 
 Verdade se diga que havia alguns anos que me vinha espantando com a riqueza deste país - tanta obra pública (sempre as melhores do mundo), tantos Centros Comerciais, tanta fundação (na minha opinião, a Fundação Berardo destruiu o CCB, o espólio do Berardo já não sabe que mais voltas há-de dar e nós não conseguimos ver mais nada!), tantos prémios para gestores das empresas públicas e público-privadas, tantos automóveis de luxo para as chefias dessas mesmas empresas, tanto Secretário de Estado, tanto Ministro, tanto... tanto...
  E agora a ordem é MUDAR DE VIDA! QUEM?? QUEM tem que mudar de vida? Acabam as almoçaradas e jantaradas dos políticos pagas com os dinheiros públicos, acabam os automóveis de luxo e motoristas de políticos, gestores, chefias, etc., acabam os prémios dos «boys» e demais «amiguinhos», acabam as exorbitâncias e os luxos das obras públicas (escolas com luxos desnecessários, novos museus que ninguém entende, autoestradas supernumerárias, etc., etc....), acabam as rendas astronómicas para a Mota Engil, a Lusoponte, a Parque Escolar, a Parque Expo, etc., etc.?? Ou não acaba nada e quem tem que mudar de vida é quem sempre viveu de salários limitados, de aumentos de vencimentos a conta-gotas, de estrangulamentos de IRS e Iva, aqueles que desde sempre vivem a contar os cêntimos??
   Vou gostar de ver QUEM vai mudar de vida neste país!!
   INDIGNAI-VOS, sim, com sentimento e com ação!!