(publico.pt)
Mike Leigh dá-nos a visão de uma Inglaterra feita de solidões, afetos frustrados, frieza no tratamento de questões humanas como a morte, onde apenas se salvam aqueles que têm casamentos estáveis, fazem muitos jantarinhos e cultivam tomates e hortaliças em pequenas hortas. Parece-me uma visão bastante redutora.
As personagens encontram-se, fundamentalmente, à volta da mesa, nos almoços e jantares que o núcleo familiar, ostensivamente feliz, organiza, convidando as amigas e amigos solitários que, ao longo das conversas, vão apresentando os seus insucessos afectivos e bebendo freneticamente. O álcool é «o amigo sempre à mão» que leva os solitários a fazer figuras tristes e acabar alcoolizados.
O suceder das estações - primavera, verão, outono, inverno - é determinante para completar o real retrato das personagens (as alterações de comportamento - previsíveis - irão ajustar-se às circuntâncias e ao decorrer do tempo).
A personagem Mary, secretária da terapeuta Gerri (a mulher de Tom - Tom and Gerri, estão a ver!) é excessivamente ridicularizada na sua falta de homem, na sua inabilidade para conduzir automóveis e nos seus azares constantes. A amizade entre a terapeuta e a secretária é apenas para entreter ou animar os almoços e jantares.
A imagem da sociedade inglesa revela-se depressiva e deprimente para o espectador.
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