domingo, 22 de novembro de 2009

O filme «Julie e Júlia» e a obsessão do blogue



 O filme Julie e Júlia, de Nora Ephron, é uma comédia «simpática» com as actrizes Meryl Streep e Amy Adams.
  Em 1949, Julie Child chega a Paris com o marido, um diplomata americano que exibia, no dedo máximo ou impúdico, um anel com uma enorme pedra turquesa, e começa a aprender a confeccionar receitas da cozinha francesa. O marido elogia-lhe os cozinhados e encoraja-a  a prosseguir esta ocupação. Julie, com um estranho sotaque nasalado, associa-se a outras americanas a viver em Paris e, juntas, dedicam-se de forma entusiástica à cozinha francesa. Mais tarde, já nos E.U.A., Julie é convidada por uma editora para publicar um livro: Dominando a arte da cozinha francesa.
  É este livro e uma admiração esquisita pela autora («a sua amiga imaginária») que, cinquenta anos depois, leva Júlia, uma novaiorquina de trinta anos, a criar um blogue de cozinha, The Julia/Julia project, que se propõe em 365 dias relatar a experimentação de todas as receitas publicadas pela Child. A obsessão torna-se quase insuportável para Júlia, para o quase sempre paciente marido e para nós, expectadores. A sequência - experimentação culinária/relato no blogue - é um frenesim histérico que adverte para  a insanidade mental  a que esta interessante actividade de manter blogues pode conduzir. A frustração pela ausência de comentários e, posteriormente, a euforia pelo excesso dos mesmos e o sucesso público (jornalistas e também edição de livro) deixaram-me a vomitar blogues.
  Aliás, com tanta comida a entrar-nos pelos olhos dentro do princípio ao fim do filme - la grande-bouffe - o vómito vem a condizer. As Júlias confessam: «Só penso em comida o dia inteiro!». E o elogio da manteiga, direi eu, não será o melhor para a obesidade mórbida que para aí grassa.
  Enfim, um filme dispensável! E nada como criar blogues sobre comida e sexo para se ter sucesso...

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