segunda-feira, 15 de março de 2010

O clima de suspeição no filme «Estado de Guerra», de Kathryn Bigelow

(publico.pt)

  Há guerra, há trabalho, há missão! Os soldados americanos foram para o Iraque porque o governo do seu país assim o decidiu e têm que cumprir o serviço militar que lhes foi destinado. A quase totalidade desses soldados gostaria de não estar ali, tem medo, preferiria não enfrentar a morte, obviamente. São seres humanos e aquela não é a sua causa. Para alguns, no entanto, aquele trabalho torna-se uma dependência e a guerra funciona como uma droga.
  No entanto, no meu ponto de vista, a parte mais interessante deste filme de Kathryn Bigelow é o clima de suspeição que os soldados americanos enfrentam no Iraque. Todos os iraquianos se comportam como suspeitos, são vistos pelos soldados como suspeitos. Homens, mulheres, velhos, novos, crianças! Nas varandas, nas janelas, nos minaretes, nos mercados, nas ruas! As suas caras, a sua postura, os seus gestos ou ausência deles, tudo nos iraquianos é suspeito. E a tensão que advém dessa suspeição é insuportável para os soldados, quase insuportável para o expectador.
   O filme está extremamente bem feito. Eu não gosto de filmes de guerra. Gostei deste.
   E ficou-me a pergunta: Se ninguém queria lá os americanos a que propósito é que se foram lá meter? Não se deve meter o bedelho onde não se é chamado.
   Kathryn Bigelow ganhou o óscar de melhor realizadora e ainda bem. Para mim, o filme Um Homem Sério, dos irmãos Cohen, seria o vencedor. Nunca o Avatar! Mas não deve ter sido fácil filmar «Estado de Guerra».

   

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