Quando Agnès Varda entrou na sala, no domingo às 19 horas, ela própria era uma obra de arte. Na sua cabeça, Agnès traçou, distinguindo a cor branca dos cabelos da castanha, uma espécie de quipá dos judeus, ou de solidéu dos católicos, ou a tonsura em forma de coroa dos frades franciscanos. Parecia realmente a cabeça de um santo. Talvez antes de um sábio da igreja. (Na fotografia vê-se mais ou menos.)
Havia muita gente na sala. Muita gente jovem. Pelas intervenções, soube-se depois que tinham visto o seu último filme, As praias de Agnès, e tinham adorado. Agnès, contente, lembrou o pesadelo de um cineasta: o seu filme ser apresentado numa sala de cinema e não estar ningém a ver.
Com a colaboração de Vasco Câmara, apresentou os filmes do DVD editado recentemente pela FNAC. Mas aproveitou para falar da nossa percepção do tempo, comparando-a a um acordeão, que em certos momentos é mais ampla e noutros mais estreita.
Falou também da gramática do cinema e da sua permissão de dar saltos na geografia. No final, referiu que tinha consciência de que poucas pessoas viam os seus filmes e de que essas eram as pessoas que estavam na margem. E lembrou uma frase de Godard:«Mas é na margem que se sustenta o livro.».
Vale a pena estar na margem e conhecer Agnès Varda!
Não conhecia Agnès Varda, mas fiquei com muita vontade de conhecer. Bem haja!
ResponderEliminarLuísa