A peça A Cidade, em exibição no teatro S.Luís em Lisboa, resulta da combinação de excertos de oito comédias do poeta e dramaturgo grego Aristófanes que viveu em Atenas no século V a.c. - Acarnenses, Lisístratra, Paz, Pluto, Mulheres na Assembleia, Nuvens , Cavaleiros e Aves.
A palavra «política» deriva da palavra grega «polis», que significava «cidade» e, tendo em conta que as cidades gregas eram cidades-estados, com governos próprios, os conflitos sociais na «polis» correspondiam à política de um estado, de um país.
A peça é uma grande brincadeira em que o ridículo e o cómico advêm, em grande medida, da inversão das regras sociais, isto é, as mulheres reunem-se e decidem mandar e ditar elas as regras - para acabar com a guerra, fazem grave ao sexo com os maridos, para acabar com as injustiças, vestem-se de homens, infiltram-se na assembleia e fazem uma nova constituição, em que, por exemplo, as mulheres mais velhas e decrépitas têm prioridade na escolha dos homens.
A brincadeira, sobretudo a que assenta no despudor sexual é, muitas vezes, excessiva e desnecessária, prejudicando a crítica pretendida.
Noutras situações, o excesso resulta em pleno, como na cena em que o lavrador vai à cidade vender as duas filhas, as duas porquinhas, ou na educação dos jovens - o jovem obcecado pelos seus prazeres, o mp3 e os hifones, nada ouve ou aprende, tal como muitos alunos das nossas escolas.
Vale a pena o contacto com Aristófanes e fica a vontade de ler as suas comédias agora traduzidas por M. Fátima Sousa e Silva em edição da Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
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