terça-feira, 19 de janeiro de 2010

«O Laço Branco», de Michael Haneke e o microcosmos da perversidade


  O filme O Laço Branco, de Michael Haneke, é, pela focalização exaustiva das situações perversas - as conhecidas e incansavelmente tratadas nos estudos de Psicologia, na literatura, no cinema, etc., como o incesto, a violência familiar, a brutalidade dos castigos paternos, os preconceitos de uma educação religiosa conservadora, o servilismo feminino, a inveja resultante das desigualdades sociais, o preconceito da virgindade, a cumplicidade cruel dos grupos de adolescentes, e outras menos conhecidas como o crime organizado dos alunos de uma escola, as artes de simulação de que as crianças são capazes, o medo que uma jovem líder feminina pode inspirar -, uma amostragem verdadeiramente exemplar dos vícios e da  maldade humana. 
   E como toda a história se passa numa pequena aldeia, podemos considerar este filme um autêntico microcosmos da perversidade. Como as cobaias numa gaiola, assim a população desta aldeia, de horizontes limitados e estrangulada pelo preconceito, se vai destruindo.
  Penso que Michael Haneke consegue realizar uma obra perfeita. E a beleza de algumas imagens, como os campos de searas ou as extensões de neve, é também um cenário perfeito.
   Felizmente, o filme apresenta algumas cenas de pureza e de dignidade humana, como o amor entre o professor e a jovem perceptora, o rapazinho que interroga a irmã sobre o tema da morte ou o outro rapazinho que salva o pardalito e posteriormente o oferece ao pai.

1 comentário:

  1. O filme parece ser estremamente interessante. Não o vou perder. Obrigado!

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