domingo, 24 de janeiro de 2010

Terramoto no Haiti - o despertador que acordou o mundo

(publico.pt)

  111 mil mortos, dois milhões de pessoas sem tecto, quatrocentas mil pessoas realojadas em acampamentos fora de Port-au-Prince! Números incontáveis de uma tragédia súbita!
  E as imagens? Mulheres, homens, crianças que se amontoam em estádios, em ruas, em praças, aguardam sacos de água, rações de comida, lavam-se e defecam em promiscuidade.
  Espantamo-nos com a violência, com os grupos organizados que irrompem com catanas, bastões, roubam, espancam, ferem, imunes ao sangue, ao sofrimento.
  No cenário, as pedras, o pó, os escombros ladeiam e invadem as ruas.
  Quem sabia que o Haiti era, antes do terramoto, um país de gangues mafiosos, organizados em Port-au-Prince por bairros e por ruas, com líderes e chefes supremos? Que os habitantes da capital, para realizar as suas compras diárias, tinham que contratar seguranças para não serem, de imediato, roubados e esfaqueados? Que as máfias se aproveitavam da miséria do povo para dominarem os bairros mais pobres pela violência e pelo medo? Que as redes de tráfico infantil actuavam impunemente?
 Pensávamos que o Haiti era apenas um país de praias paradisíacas, de mar, de calor...
 O terramoto foi o toque do despertador, um despertador bem sonoro e perturbador.
 Indignamo-nos agora com o facto de as crianças serem roubadas dos hospitais e das ruas e com os roubos e a violência de que são vítimas os desgraçados sobreviventes do terramoto. 
 Mas enojamo-nos sobretudo com pastores evangélicos que aparecem com protectoras asas de anjo para levarem crianças sabe-se lá para que inferno e com as máfias americanas, russas, tailandesas, etc., etc., que imaginamos aterrando diariamente, agora, sobre o terramoto do Haiti.  



2 comentários:

  1. Veja-se este terramoto como a sorte (sim, sorte) de um país já anteriormente muito desgraçado.
    Foi preciso um terramoto para que a desgraça se tornasse fashion. Mas antes isso, já que isso é preciso. Pode ser que assim alguém se lembre durante algum tempo de ajudar o Haiti.

    ResponderEliminar
  2. Bom comentário. Gosto de gente que se interesse, que reaja. Mesmo que não se identifique.
    Obrigada.

    ResponderEliminar